sábado, 14 de novembro de 2020

Os Ouvidos ambulantes.

 Título.

O título poderia ser enorme, já um texto inteiro. O Ouvido ambulante, os Olhos itinerantes e as estórias que presenciam.

E foi ontem, comparando ao dia que está sendo escrito o texto. Foi mesmo uma sexta-feira 13. Dia 13 de novembro de 2020. O ano da pandemia mundial e o mesmo ano de muita chuva no sertão.

É muito do mesmo. Uma mensageira do presente com muitos anos vividos me fala das desventuras que tornam seus dias um tormento. E enquanto me contava aqui e alí molhava a face.

E contava de quando tinha casa cheia. Cheia de gente, cheia de vida, cheia de vidas e quase todas ingratas. Era casa cheia enquanto ela teve comida e bebida para oferecer. Talvez quando ela tinha jovialidade também tenha experimentado muita oferta de companhia e igualmente quando teve beleza ou seja qual atrativo possa ser citado.

 Mas quando e onde ela estava nas aulas da vida? Ela não sabia que, se tivesse vida longa, dificilmente não descobriria que muita gente nas vidas de cada um de nós só está perto para aproveitar algo que tenhamos a oferecer?

Eu não cito nomes. Não vou citar. Pode ser que alguém queira dizer que é apenas uma imaginação minha, apenas do "fantástico mundo de Francisco", esse mundo ilusório. Algumas coisas só são verdadeiras para quem vive o bastante para ter a experiência por si mesmo. Não possuem a capacidade ou o interesse em observar vidas e exemplos dos mais experientes.

E o Ouvido ouviu. E os Ouvidos ouviram. São ambulantes. São itinerantes. Ouviram lamúrias e estórias de uma tristeza profunda. E olhos foram forçados a produzir um tipo de H2O, uma variação conhecida desde o nascimento: - bate no bebê para ele produzir algo que ele produzirá um tanto mais na vida.

E os Olhos tão parceiros dos Ouvidos tiveram que receber ordens de se conterem. Esses Olhos já estão acostumados a guardar gotas para momentos em que só estejam o esquerdo em companhia do direito e nessa circunstância podem desaguar.

E a memória traz o mensageiro do futuro e o muro, traz a senhora que por anos apanhava do marido, traz a moça abusada sexualmente desde muito nova, traz uma avalanche, uma carga, um soterramento, uma dificuldade de respirar, uma sensação de peso físico nos ombros de estórias molhadas e até algumas secas da parte de quem contava, mas que não iludem os Ouvidos ambulantes nem passam despercebidas. 

Parece que a pessoa levou um corte e conseguiu fazer um transplante deste corte. Como pode? 

Como pode a perpetuação tão repetitiva de mesmíssimas estórias? Lembro de outras e mais outras pessoas e suas estórias de casa cheia pois tinham dinheiro e davam festas. Por que não fazem apologia a visitas pelo simples fato de neste lugar ter alguém com quem você se importa?

Por que não fazem apologia a visitas pelo simples fato de neste lugar ter alguém com quem você se importa?

Outra questão é que se você passou a vida toda recebendo visitas não aprendeu que as pessoas também podem se ressentir de você não ter feito o movimento oposto.

Será que o mundo todo tem que ir até você? Aí um dia, com olhos que se molham a cada 15 minutos, você percebe que praticou um venham a mim e ao reino dos outros nunca.

E é essa mais uma questão. E é essa mais uma reflexão.

Os Ouvidos ambulantes e seus parceiros Olhos, juntamente com a Boca e todo um Extra Terrestre que vaga por aí sentiu uma vontade de consertar o mundo e viu como é impotente. 

De novo. Já não tão novo.


Francisco Braz Neto (14/11/2020)

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Diga. Escreva. Diga! Escreva!

 Diga.

Diga o fato. Diga!

Escreva o fato. Escreva!

O não dito é esquecido. O não escrito é esquecido.

O ruim escrito faz efeito. Faz muito efeito e faz muito mal.

Os seus defeitos são vistos, apontados, usados contra você.

Se suas qualidades são fatos, diga! Diga a si mesmo. Reconheça-as para si.


Escreva. Escreva para si, registre, marque, guarde na memória e faça visitas sempre que julgar oportuno.

Não terás colunas nas quais poderás adornar com registros de tudo que desejas lembrar, salvo sejas bilionário, não poderás erguer monumentos nos quais as paredes estarão repletas de suas estórias, repletas de vossas coragens e virtudes. Não somos faraós, não somos reis, eu não sou. Se és, meus parabéns.

Se não és sei que há qualidades em ti e sendo fatos diga, sendo fatos escreva-as, registre-as e orgulhe-se. Tudo isso se assim quiseres, mas sugiro que não se envergonhe de ter virtudes. O mundo de cabeça para baixo.

O mundo de cabeça para baixo e há tanto tempo e em tantos círculos, tantas culturas, tantos discursos, tantas pregações são para guardar virtudes em um local escuro e esquecido. Não saia com um carro de som alardeando suas virtudes, não estou fazendo apologia ao deboche, não estou dizendo para tornar-se recordista em boçalidade nem algo nesta linha de pensamento. É para si, é para combater destruidores de estima e para saúde mental. 

Diga!

Diga. Escreva. Diga! Escreva!

Não é uma ordem. É sugestão, um conselho, um palpite e assim um dia alguém me conta que efeito causou.

Eu conto. Um conto. Sem fadas. Com gente de verdade.


Francisco Braz Neto(19/10/2020)  

   







sábado, 5 de setembro de 2020

Se é amor, o que você faria?

 Se fosse amor você cuidava?

Se é amor, você cuida?

Quando é amor você guarda? E de manhã você lembra?

E o que você faria?

Dava sangue.

Dava ombro.

Dá carinho.

Dá prioridade.

Dá?

É amor?

Tem certeza?

Se for conveniência não vale. Se for interesse não vale. Se for qualquer coisa, mas não é amor...

Não vale!

O que você faz? O que faria? De certeza!!!!

Ajoelhava?

Passava noites em claro?

Pedia desculpas?

Pedia perdão?

Pedia mais uma chance?

Perdoava a bilionésima vez?

Muitas perguntas, não é?

E cadê as respostas? As sinceras. As verdadeiras. As nuas. As cruas.

O que realmente você faria?

O que realmente você fez?

O que realmente você faz?

O que realmente você fará?

Acorda mais cedo?

Prepara o café da manhã?

Faz uma massagem?

Escuta um desabafo?

Abre a lata e o saco?

Prepara mais uma refeição?


O que você fez? O que você faz? O que você fará?

O que você faria?

Não tens máquina do tempo. Tens apenas o pensamento e domínio das próprias ações.

Não das ações dos outros.

Você faria o que?

Sairia mais cedo do trabalho? Explicava que o seu amado estava adoentado e por isso queria ir cuidar dele?

Mudaria os planos do final de semana ou mudava a vida inteira como desistir até de mudar de país? 

Uma resposta. Se é amor, quando é amor, por amor eu mudo e já fiz isso algumas vezes. Fiz uma vez em 2004, fiz novamente em 2010 e fiz mais outra vez em 2017. Só para relembrar algumas vezes em que mudei tudo por amor.

Eu quero saber de você! E você, o que fez? O que faria? O que fará?

Por amor. Por quem amas. 

Vai cortar o cabelo? Vai limpar a casa? Vai ouvir uma música que nem gosta tanto? Vai ao cinema? Vai aprender a declamar poemas? Vai estudar mais? Vai sair mesmo super cansado(a)? Vai ler livros? Vai usar uma determinada roupa? Vai mudar a alimentação? Vai resolver cada problema, probleminha e problemão?  


É amor.

Não me venha com desculpas.

Não há espaços para desculpas no amor.

Se nem sabes o que é amor. Se nem sabes o que é amar, então cala-te! 

O que você faz por amor?

A maior pergunta é esta.

Diz! O que fazes por amor?

O que eu fiz?

Dei minha vida.

E quem a recebeu até disse que sabe disso.

Quem eu amo sabe disso.

Nada menos! Nada mais! 

Minha vida.

Qual o valor disso?

Para quem põe valor que responda.

Para mim não há preço e o valor é inefável.

E eu corto o cabelo, cozinho, costuro, passo ferro nas roupas, acordo mais cedo, durmo mais tarde, arrumo a casa, lavo a louça, lavo as roupas, faço feira, guardo feira, pinto, conserto, faço serviço de ancanador, marceneiro, pedreiro, motorista, carregador, dou remédio, faço chá, levo pra escola, busco na escola e tudo mais que for possível.

E ainda acho sempre pouco.

Só não acho pouco dar minha vida e mesmo assim eu dou.

Quem eu amo merece meu máximo, meu tudo!

Francisco Braz Neto (05/09/2020)





terça-feira, 11 de agosto de 2020

Filósofo de terça de pandemia

Está certa a informação que o capitalismo existe do século XV pra cá?

Que mundo perfeito em que uma vida valia o mesmo que a outra existia ou existiu antes do Capitalismo?

Realmente há muita coisa triste na humanidade, as atribuições de culpa é que me parecem bizarras. Encontre esse tal Capitalismo e o matem!

Não.

Não!

O problema não é nem nunca foi o Capitalismo, nem o Comunismo, nem outros ismos, o problema é o ser humano.

"Se morrer enterra."

Enquanto vivo se coloca a culpa em algo ou alguém no lugar de se assumir culpas e enxergar as coisas como são.

Francisco Braz Neto(11/08/2020)

terça-feira, 23 de junho de 2020

Amor próprio e a reflexão

Faz sozinho?
Faz sozinha?

A reflexão? Sim.
Possível.

O amor? Sim.
Possível.

Prefiro amor dos outros e então, logo ao lado, par e passo, o amor próprio.

Tá muito marketing para essa estória de amor próprio. 

Tá bonitinho. 
Fofo!

E eu acho que está faltando verdade nua.
Está faltando verdade crua.

Amor próprio é massa, mas três pontinhos...
Um
Dois
Três

Amor próprio não abraça.
Amor próprio não conversa.
Amor próprio não leva pro hospital.
Amor próprio não faz cafuné.
Amor próprio não tem ombro.
Muito menos tem ouvidos.
E quando eu estou ferido.
Não me põe em abrigo.

Amor próprio é massa, todavia três pontinhos...
1
2
3

Amor próprio não me telefona.
Não acerta por acaso uma hora que tanto preciso de carinho.
Não recebe meus presentes.
E jamais será gente.
É massa.
É bom.
Se ame!
Me amo!
E eu prefiro amor dos outros vindo em minha direção. Logo ao lado, par e passo amor próprio. Porque é bom. É massa! É legal, entretanto...
Três pontos.
Pontinhos...
Pontões•••

Amor próprio não divide uma cerveja.
Não senta comigo à mesa.
Não sugere a sobremesa.
Não tem cheiro ou certeza.
Não tem gosto nem desejo.
Não espanta a solidão.
E se ainda acha pouco.
Esse teu amor próprio que já nem te socorre ao hospital.
Jamais derramará uma lágrima no dia do teu funeral!

Agora me diz que entendeu.
Eu admito que o amor próprio é importante.
Só não é ele que vem antes pois já nascemos amados sem nem saber o que é amor.
Nem amor por nós nem por ninguém. Amor é o sentimento mais sofisticado que existe e tem muita gente querendo torná-lo banal, mas não entendem que é impossível pois os que tentam sequer conhecem esse tal.

 O Amor?
Sim! É possível.
A questão é que não é para todos. 
Nem por todos.
Nem sempre por si mesmo.

Infelizmente, há quem não o conheça em nenhuma de suas formas.

Alguns nem amam e nem se deixam amar.

Tirando o marketing não é tão fofo assim.
Tirando o marketing não é tão bonitinho.
É cru.
É nu.

E não segura minha mão.
Não faz curativo.
Não faz massagem.
Não sussurra no pé do ouvido.
Não canta.
Não seduz.
Por mais que seja amor.
Por mais que seja próprio.
E quando for pouco é só lembrar que nunca irá derramar uma lágrima por você nem por mim em nenhum momento nem mesmo em nossos funerais.
É um amor que não tem empatia com o seu adeus a este mundo. Lhe abandona junto com seu último suspiro enquanto outros amores perdurarão.
E eu quero os amores que vêm dos outros vindo em minha direção. Esses cheios de braços e abraços, problemas e diversão. Esses amores que me trazem a certeza que o meu amor próprio não é uma própria ilusão.

Francisco Braz Neto (23/06/2020)

 








segunda-feira, 1 de junho de 2020

Prisões políticas.

Tento incansavelmente ver as situações da vida quase que de forma matemática, com lógica e sem "subliminaridades"(mais um neologismo meu), logo, num país tão problemático quanto o nosso, o país onde "o poste faz xixi no cachorro" a torcida deveria ser para acabar o tudo pode. Voltando a envolver a parte política, acho que até o Luís foi preso por questões políticas. Não confundir com eu achar ele inocente, mas também somos o país da impunidade, tanto que o Luís está o que? Solto! Eu marchei bradando fora Dilma, mas além de tirá-la eu queria Luís preso e que não parasse nele. Queria que nós tivéssemos aprendido a sermos exigentes com os políticos. O que foi que de fato ocorreu? O preso está solto e há muita energia e fogo cruzado do povo contra o povo. O mais triste é a energia gasta para proteger quem não precisa de proteção. Biquíni Cavadão: somos do povo, Zé do povo Zé ninguém, aqui embaixo as leis são diferentes. Lá em cima eles estão bem, obrigado.

Francisco Braz Neto (01/06/2020)

sábado, 23 de maio de 2020

A Manchete, o Orkut e a Globo

Era uma vez...

Um conto.

Uma emissora de televisão.

Uma novela.

Um site de relacionamentos.

Uma ficção.

Outra emissora de televisão.

O mundo vinha tão tranquilo e perfeito. Todos eram felizes e cantavam hinos a perfeição do universo. De repente alguém fundou uma emissora de televisão e todos foram expulsos do Paraíso.

Emissora de televisão funciona como? Quantas pessoas trabalham lá? Será que todas pensam da mesma maneira?

Eu assisti a Manchete. Eu assisti a TV Manchete, lembro o slogan: "Aconteceu: virou Manchete!"
Tinha a revista também, não tinha? O slogan era só da revista? Não tenho a lembrança tão nítida.
Oxe! A revista Playboy não existe mais! Se eu dissesse que deixaria de existir há 20 anos atrás eu seria internado como louco perigoso.

Eu não peguei a época do Éden, sou antigo, mas nem tanto. Tinha Manchete, TVS que salvo engano virou SBT, rede Globo com seu "PLIM, PLIM" inconfundível, e, se eu lembrasse bem, cravaria a existência da Bandeirantes que em uma época era: "O canal dos esportes!"

Já pensou, só essas opções numa época sem smatphones, sem internet e sem notebooks!!!!
NETFLIX? Nem em sonho!
Já pensastes? Imagina!

E eu estou agora em pleno século XXI vendo a Globo sendo chamada de Globolixo.
Já pensastes? Imagina!

A Manchete fechou. Até lembrar dela no dia a dia, em circunstâncias normais não acontece. Logo, ninguém chama de Manchetelixo ou Manchetemanchada ou sei lá qual nome os super criativos brasileiros dariam para ela. Talvez nenhum, só a Globo mereceu uma alcunha, embora a mídia esteja sendo colocada num mesmo saco.

E eu reflito. Quando a Globo acabar em quem vão colocar a culpa?
E eu reflito. O que aconteceu com os funcionários da TV Manchete?
Quantos eram?

Dá vontade de agradecer pelos momentos de entretenimento que a TV Manchete me proporcionou. Eu me lembro com saudosismo a novela Pantanal. Em minhas memórias há registros de ter sido um grande sucesso e que conhecemos o Pantanal e muitos dos seus encantos graças a essa produção da teledramaturgia brasileira.

É assim, dá saudades do que não se tem mais. E saudades pode provocar lágrimas.

E então o Orkut surgiu. Que sucesso! Escrevi muito ali. Tinha como deixar depoimentos para os amigos. Deixávamos público nosso afeto. Ali pessoas se conheceram, se ajudaram, ganharam dinheiro, trocaram experiências, brigaram, conheceram seus amores.... Vixe! Fizeram de um tudo ali! Mas depois de um tempo acharam melhor trocar, melhor abandonar.

E assim, uma emissora se foi, um site de relacionamentos se foi e uma outra emissora irá. Um dia irá. Não sei quando e não tem nada a ver com uma vontade minha. Eu simplesmente sei e explico que irá. Todas as emissoras irão. Se não forem totalmente extintas no sentido de existência serão no formato, na forma, no meio, nos conteúdos e em algum momento nem sei se reconhecerão as emissoras de televisão como sendo o que há hoje.

E o que me incomoda? Incomoda pensar que uma emissora possa ser comparada com um ser humano e esse ser humano ter um vínculo afetivo comigo. Eu vivi um tempo em que dos sonhos a se sonhar um bom era ser um Global, ter nem que seja cinco minutos de fama.
Muito mais que isso. Eu vivi com desenhos animados que me emociono ao lembrar e que rendem muitas horas de conversa com amigos e parentes, aproveitando uma boa cerveja. Eu vivi com programas infantis que eu pensava quão sortudas eram as crianças que podiam participar deles.

E não foi apenas a Globo que me deu bons momentos, mas ela é o foco. Eu então lembro da "maldita" "Globolixo" que me deu domingos e mais domingos com Formula 1 e com o indizível Ayrton Senna. Esse danado desse Ayrton Senna até hoje eu fico triste de lembrar o quanto senti a falta dele. Chorei quando ele morreu como se tivesse perdido um parente ou amigo. E aí a "Globolixo" me deu Sessão da Tarde, Corujão, Temperatura Máxima, Casseta e Planeta, Escolinha do Professor Raimundo, Globo Rural, Globo Reporter, Pequenas Empresas Grandes Negócios, Vídeo Show, Globo Esporte, Fantástico, as aberturas do Fantástico, as novelas, ....

E como me dá uma nostalgia lembrar de: Que Rei sou eu?
Como posso esquecer que cada desenho animado sozinho rende papos e memórias impagáveis?
Mas a "Globolixo" virou apenas a emissora que não agrada ao dar notícias que não deveriam ser dadas. Virou a emissora que mente quando a notícia vai contra o político que eu cultuo. Virou incompetente pois tudo que faz e não me agrada nunca sou eu quem estou errado, afinal eu sei tudo e os profissionais que ali estão não sabem nada.

E eu sou muito repetitivo, lembram? Já disseram!

Eu vou repetir mesmo assim!

Há algo estranho! Tenho amigos que orgulhosamente se dizem de esquerda e juram, provam, demonstram por A + B que a Globo é direitista. Mas ao mesmo tempo conheço amigos que se dizem de direita com pompa e altivez falando de forma categórica que a Globo é esquerdista.

Vocês sabem que essas coisas são ditas de forma muito cortês, com polidez absoluta e com um conteúdo muito profundo. Tanto que os dois grupos chegaram a conclusões, somente, opostas.

E eu?

Eu vou ligar a televisão e escolher a Globo quando me der vontade, mas lembrando que está difícil demais escolher a Globo desde que inventaram TV a cabo  e YouTube. Não é pela situação política, para mim é concorrência mesmo. No YouTube eu posso ver o que eu quiser na hora que eu quiser e quantas vezes eu quiser. A Globo me lembra a época em que ou se programava para ver o filme na hora que iria passar ou perdia.
Isso justificou a invenção dos Videocassetes e seus muitos recursos que todos comentavam que nunca sabiam utilizar nem a metade deles. Colocar para gravar os programas favoritos e assisti-los quando quisesse era um luxo!

E eu?
Eu reflito.
Será que na Globo todo mundo pensa igual?
Quantos funcionários têm a Globo agora em 2020?
Quantos funcionários foi o máximo que a emissora já teve?
Você achincalhar a emissora de tudo quanto é impropérios já levou em conta os faxineiros de lá? E os cozinheiros? Os maquiadores? E os câmeras? Talvez você tenha lembrado dos motoristas, não lembrou? Hum... Lembrou dos roteiristas? Dos atores? Das atrizes? Dos costureiros e costureiras? Das continuistas? Dos tradutores? Das dançarinas? Dos eletricistas? Dos repórteres?

Atenção!

Aos da emissora do Rio de Janeiro apenas?
Não!
Quantos funcionários há na Globo do seu Estado?
Agora soma tudo.


Fechou a Globo!

E agora?

Em quem você vai colocar a culpa?

No povo?
Ah! É! No povo ignorante.

Assumir o erro, jamais.

Nas Olimpíadas eu vou esquecer que foi na Globo que vi as últimas 10 edições dos jogos Olímpicos.

Como eu vou compreender a incompetência da "Globolixo" malvadona? Afinal, a amiga da ditadura da direita, amiga do regime militar não conseguiu evitar a subida ao poder da esquerda de Fernando Henrique e o prosseguimento da esquerda com Luis e ainda Dilma. E ainda há uma superação na incompetência pois a culpada nacional foi tão incompetente que mesmo sendo o templo da esquerda permitiu a eleição do Jair. Eu, sendo da Globo, iria viver em crise. Seria o tempo todo me indagando: - Quem sou eu? - Esquerda ou direita?

Atualizando...

Carregando...

Loading...

A Globo já foi chamada de "Isentona"? Estou por fora. Sério. Não estou sabendo disso ainda.

Mas será que eu não teria críticas à Globo? Resposta: - Claro! Mas se eu tenho até críticas à mim mesmo, por qual razão não teria à emissora? Mas é encarar que eu sou humano e falho que vejo um lugar lotado de humanos que também é cheio de falhas. Um tanto simples. A Globo não faz as coisas como você quer? Não dê audiência! Pronto. Era discurso da direita que seria esse o comportamento de uma pessoa no espectro político da direita.

O resumo é que sempre a culpa de tudo está em alguma coisa fora. A Globo faliu. A Globo virou museu. As televisões estão cheias de canais para escolher, mais de 100, mais de 1000, mais cem milhões. São canais de todos os países, tem NETFLIX e ainda o infinito YouTube.

Atualizando...

Carregando...

Loading...

Você ama um canal do YouTube, ele é a nova Globo, será amado, será uma honra aparecer nele, suas memórias afetivas estarão repletas de lembranças de vídeos deste canal até que você pedirá a cabeça do canal, será "Canalixo" quando o canal não concordar politicamente com você.

Eu não posso salvar a Globo. Eu não pude salvar a Kodak, eu não pude salvar os datilografistas, não estava em minhas mãos a continuidade do Orkut, a TV Manchete idem, não tenho o poder nem o desejo de voltar no tempo nas questões tecnológicas, mas eu adoraria ver a humanidade avançando nas qualidades individuais tanto e tão rápido quanto a tecnologia avança.

Oi leitor! Tudo bem? O avanço da humanidade que eu escolheria como um dos primeiros era o fim da servidão voluntária. Em linguajar mais básico, parar de idolatrar políticos. Ainda tá com raiva da Globo ou da sua equivalente em seu país? Está com raiva do jornalista?

Canta comigo:

Se você disser que não informei, amor
Saiba que isso em mim provocar imensa dor
Todo julgamento após tudo apurar
Será resumido em não agradar

A avaliação se é mentira ou não
Sempre é decidida se agrada, então
O jornalista, artista, humorista que amavas
Já não amas mais
Ele falou mal do seu Déspota...

No peito do jornalista
No fundo do peito bate calado
No peito dos funcionários também bate um coração


Que saudade dos Flinstones! 

Quem vai sentir saudades de você?

Você é a Globo de quem?


Francisco Braz Neto (23/05/2020)















   



















 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Um mantra suplicado.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quem já disse isso antes?

Quem já suplicou por isso antes?

Quem já implorou por isso antes?

Quem já escreveu isso antes?

Não quero plagiar.

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Se eu repetir será que funciona?

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Se eu estiver de joelhos, faz mais efeito?

Se eu estiver perdendo o sono dá mais crédito?

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Quem vive com você?

A quem você impõe regras?

Quem impõe regras a você?

Quando algo puder ser aprendido pelo amor não escolha aprender pela dor.

Suplicado.

Repetido.

Francisco Braz Neto (17/04/2020)


Afluente de emoções

Em pedaços de dias
Seus momentos
Seus períodos
Suas estações
Você derramando palavras
Você derramando lembranças
E tudo seu deixando de ser cem por cento

Em frações de você
Desnudando intimidades
Falando com propriedade
De emoções suas
E de águas molhando a ti
Águas que estão até bem guardadas
Impossíveis de serem vistas por vistas óbvias
Nessas frações há vezes que afluí
Vezes que fui afluente
Eram águas suas
Escondidas ou mostradas
E minhas se uniram
Algumas vezes só as minhas eram visíveis
Mas sei que sempre eram afluentes
De lágrimas ancestrais
De rios caudalosos

De momentos partilhados
Estórias
Alegres e cheias de saudades
Tristes e cheias de verdades
Dolorosas e desaguo solidariedade
Margem esquerda
Margem direita
Afluente sem importância
Afluente importante
Afluente conhecido
Afluente desconhecido
Afluente caudaloso
Afluente aflito.

De águas.

De emoções.

Afluir.

Em pedaços
Suas etapas
Desafios
Vencidos
Perdidos
Perdeu a esposa
Perdeu o Pai
Perdeu o filho
Casou
Casou novamente
Agora uma filha
Agora um neto
E emoções caudalosas
Rios de emoções
E você derrama
Você me derrama
Eu te ouvi
Você rio
Eu afluente
Você principal
Eu acessório

No pedaço do seu dia
Você abriu o coração
Abriu seu segredo
Abriu segredos mil
Em alguns momentos repetiu
Emoções tão bem conhecidas
Sorrisos e marcas atrevidas
Riscadas nas paredes da mente
O cárcere de eternamente
Até pensastes fugir
Desistes logo a seguir
Não és um inconsequente
É hora de admitir
Celebra o afluente.

E se te faltar afluente?
Secas?

E se te faltarem afluentes?
Que vais fazer?

Nunca precisastes?
Que rio não possui afluentes?
Se te faltar, de que viverás?
De chuvas, não é?
Nascentes.
Uma nascente ao menos.
E de onde nasce até onde possas ir.
Até onde tuas emoções possam ir.
Sem afluentes.

Serias tu afluente das emoções de alguém?

Serias tu afluente das águas de alguém?

Fostes?

Ao desaguar, ao chegar ao mar, ao destino final, seja lá qual for, quantas flores e quantos frutos foram alimentados?

Quantos terrenos secos, áridos, inóspitos foram fertilizados, recuperados e produziram após esses rios de emoções terem passado com ajuda de seus afluentes?

Quem pôde matar a sede com o principal rio?
Quem saciou a sede com a grota de águas cristalinas?
Do menor para o maior. 
Do mais fugaz ao perene.

Cada um afluindo como pode e quando pode.
Cada um afluindo sempre que empático.

Há sempre um rio envolvendo aqueles corações e cérebros que passam por nós a cada dia.

Francisco Braz Neto (17/04/2020)





sábado, 28 de março de 2020

Pós doutorado em Choro fechado

Choro é o substantivo.
Choro, é o que faço.

Estudo o Choro todas as vezes que choro.

Choro fechado há de vários tipos.

Choro de bebê
Choro de criança
Choro de adulto
Choro de lembrança
Choro de ancião
Choro que não cansa

Choro fechado há de vários tipos.

Choro, Chorinho, chorão
Música, letra, cavaquinho
Pego a música bela
Agarro o meu violão
Dedilho bem de mansinho
Lágrimas que caem ao chão

Choro, aberto, é conjugação.

Choro um dia seguido do outro
Sozinho, andando na rua
No meio da multidão
Choro escondendo o molhado
Inundo a palma da mão
Tecidos enxugam o orvalho
Vindos do canal lacrimal
Invisível, reencontro a solidão.

Choro fechado há de vários tipos

Choro da chegada
Choro de partida
Choro de saudade
Choro de quem fica
Choro descontrolado
Choro do amor da vida

Há mais.

Choro de alegria
Choro que contagia
Choro da vitória
Choro da derrota
Choro da vergonha
Choro de decepção
Choro da dor
Choro de quem perdeu o chão

Estudo o Choro todas as vezes que choro.

Qual a primeira vez que você chorou?
No nascimento? Será?
Chorar dentro da barriga, será possível?

Choro de bebê
Choro de criança
Choro do maternal, da alfabetização
Choro do primeiro grau menor
Primeiro grau maior
Do Choro
Segundo grau
Vestibular
Do Choro
Então chega a hora do curso superior
Ao mesmo tempo um curso técnico
De Choro
Láurea!
Graduado.
Um faixa preta em Choro.

Os estudos não acabam.

Estudo o Choro todas as vezes que choro.

Pós-graduação
Mestrado
Doutorado
De Choro
Em Choro
Com Choro
Lágrimas
Inundações

Vamos ao pós doutorado.

Estudo o Choro todas as vezes que faço chorar.

E fiz.
Fiz chorar quem eu amava.
Fiz chorar quem me amava.
Fiz chorar quem eu amo.
Fiz chorar quem me ama.
Fiz chorar quem eu sempre amarei.
Fiz chorar quem sempre me amará.

Estudo o Choro todas as vezes que vi chorando.

Homens feitos tentando disfarçar
Pessoas escondendo o que não se consegue esconder
Ficam de costas
Choram em silêncio
Choram por dentro
Ficam no pré Choro
Correm como se tivessem uma desinteria para poder desabar em lágrimas em algum lugar escondido
Mulheres fortes
Mulheres superpoderosas
Idosos
Crianças
Sozinhos
Em grupo
Em outros ombros
Em outros braços
Nos meus
Em meus braços alguns rios
Em meus ombros alguns rios
Em meus ouvidos alguns rios
De lágrimas
Desaguaram

Estudo o Choro todas as vezes que vi chorando.

Há quem chore sem vergonha
Há quem chore bonito
E assim vi
O antes
O durante
O após
De vários tipos de Choro
Olhos vermelhos
O marejar
A alteração na respiração
A voz embargar
Toda a face mudar
O corpo todo mudando
A linguagem corporal do Choro
Choro compadecido
Choro empático
Choro solidário
Há muita gente que chora sem vergonha
Há Choros lindos
Há o Choro cinematográfico
O da comédia, do drama e do romance
O da tragédia e do terror
Choro transitório
Choro definitivo
Choro falso
Choro agressivo
Choro de raiva
Choro sofrido
Choro censurado
Choro eternizado
Choro estimulado
Choro reprimido
Choro do estranho
Choro do amigo
Choro negado
Choro assumido
Choro do luto
Choro do recém nascido.


Choro, aberto.
Me vi chorando tantas vezes que estou no pós doutorado.
No pós doc! Somos íntimos.
Já chamo por apelidos carinhosos.
Uma assessoria?
Gratuita?
Choro de alegria por um amor correspondido.
Um eu te amo seguido do eu também te amo.

Na alegria e na tristeza
Nas vitórias e nas derrotas
Sem hora marcada
Até que a morte interrompa os estudos.

Francisco Braz Neto (28/03/2020)












segunda-feira, 16 de março de 2020

Corona vírus e meu diário de 16 de março de 2020

Ontem foi meu dia de plantão.
Das 15h40 até às 21h no Shopping Center Recife e o que costumava ser lotado era quase deserto.
Colegas que estavam de plantão no Shopping RioMar mandaram fotos que mostravam algo similar.
É triste.
Muita gente sabendo muito sobre essa doença.
Muita gente especialista, muita gente apavorada, muita gente brincando e eu não tenho a dimensão do estrago que ainda está por vir.
Eu só faço olhar e pensar em eventos históricos semelhantes, em se tratando de doenças que se espalham tão facilmente todos precisam fazer o melhor e saber que muito estrago já foi causado e muito ainda será.
Além disso é torcer para uma vacina, torcer para que todos que puderem fazer algo para minimizar os danos que assim o façam e nós não percamos nossos entes amados para mais essa doença.
Um clichê que não consegui evitar:
"Essa não foi a primeira nem será a última."
Não ser a última é o que mais quero. A última só caberá quando conseguir extinguir a humanidade.
Meu coração e mente estão sem saber o quanto se apertam, o quanto se preocupar, pois tenho amores com idades avançadas, tenho amores muito novinhos, tenho amores que trabalham na área da saúde e ainda tenho a empatia geral para com os meus semelhantes.
Eu faço mais a linha do calmo não curto estardalhaço, nem xiliques, porém o que é que realmente vem por aí?
A incerteza é pior que a doença.
Há outras viroses e demais doenças e agora qualquer espirro já acham que você está com o Corona vírus, se for uma tosse não pode ser por engasgar, nem por alergia, já pensam que só pode ser Corona vírus.
Todo mundo, por mais que se esforce ainda terá que sair de casa em algum momento nem que seja para se preparar para mais tempo sem sair de casa.
Alguém terá que sair de casa para ajudar alguém, alguém terá que sair de casa por uma infinidade de motivos que não dá pra listar. O que todos podem fazer é retirar uma outra infinidade de motivos que antes faziam com que saíssemos de casa e pelo menos por um tempo nós adiemos.
Nessas horas vamos celebrar a tecnologia que nos permite fazer bilhões de coisas sem sairmos de casa.
Inclusive trabalhar!

Francisco Braz Neto (16/03/2020)

segunda-feira, 9 de março de 2020

Medo e dor

Do que o medo é capaz?
Quantos o escutam?
Quando o escutam?
Quem se arrepende? Quem se arrependerá?
Eu já escutei o medo.
Eu já enfrentei o medo.
Eu já venci o medo.
Eu já ignorei o medo.

Eu e o medo, o medo e eu, já fizemos de tudo.

O medo dos outros também fizeram e fazem de um tudo comigo.
E com vocês, o que o medo anda fazendo?

Na palavra meDO falta o R para também ter DOR
E a dor pode provocar medo tanto quanto o medo pode provocar dor.

Quero divórcio do medo.
Quero separação do medo.
Chamar ele apenas para momentos de proteção.
Chamar ele apenas para momentos de prudência.
No mais é cada um por si.
O Jota e o Quest me relembrando para não te escutar mais.
Vindo até meus pensamentos que não me levas a nada.
E eu que mesmo desequilibrado sempre quis estar ao lado de quem amo...
Sigo corajoso querendo estar ao lado de quem sabe o bom do amor.


Francisco Braz Neto(09/03/2020)

domingo, 8 de março de 2020

Dia das Mulheres de 2013 para 2020

Local.
Internacional.
Domiciliar.

Escolheram dia 8
Escolheram março
Escolheram quando começar
E são todos os dias delas
Pois delas é tudo que há!

Março é das águas
Fechando o verão
E as mulheres são tão coração
E oito milhões de infinitudes
São amor e perdão
São tudo que querem
São quando quiserem
E nasce uma estrela
Para cada uma delas
Iluminando as vidas
Parto de emoção

É Norma, é Cristiana, é Érika
É Luíza, é Isabella, é Juraci
É Maria, é Nídia, é Ester
É Nise, é Elena, é Estela
É Dayse, é Elza, é Cíntia
É Carolina, é Aline, é Amanda
É Fenanda, é Rachel, é Eleide
É Daniela, é Alyona, é Gabriela
É Edite, é Sílvia, é Eunice
É Juliana, é Mariana, é Paula
É Marília, é Ana, é Natália
É Vanessa, é Andréa, é Luciana
É Suzana, é Marina, é Fátima...

Quantos nomes?
Injustiça citar alguns nomes e deixar os outros.
Os nomes citados são referência de construção.
Um homem, uma mulher, um ser humano qualquer se constrói, se desenvolve e sabe que vive pelas referências de mulheres que conheceu ao longo da vida.

A mãe, as irmãs, as primas, as amigas, os amores, a filha, as sobrinhas e assim por diante.
O que dizer para cada uma delas?
A cada 8 de março parar o mundo e declarar o quanto são fundamentais, o quanto são o conjunto de tudo que há de melhor no mundo e que sem elas não há sentido em viver.
E o mundo não para, então em todos os outros dias seguidamente eu admiro muito o ser mulher em toda a completude.

A sensibilidade que protege
A força que cria
A garra que luta
A energia que nunca desiste
A confiança que sempre vence
A companhia que sempre acolhe
O perdão que sempre cura
A inteligência que soluciona
A coragem que nunca acaba

Mãe de todos os amores
Um infinito em si mesma
Lugar de paz de todos que ela ama
Hoje e sempre és especial
Ensina o jogo da vida
Razão melhor para viver.

Então é assim
De forma atrevida
Venho homenagear
Mulheres do mundo
Que tanto admiro
E sempre vou admirar
Com quem tanto aprendi
Que tanto tem a ensinar.

Agradeço a todas aqui
E que pelos meus erros possam me perdoar
Da vida sou eterno aprendiz
Com letras tento a redenção alcançar
Tudo que ofereci
Quis sorrisos plantar
Que oito seja um dia feliz
De março possa extrapolar
Um dia é símbolo e eu digo
A alegria deve se eternizar.

Feliz dia internacional das mulheres!
Dia 8 de março de 2020.

Francisco Braz Neto (08/03/2020)











quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

De que adianta?

Se não fica.
Se não continua.
Se não basta.
Se não vai ser lido por ti.
De que adianta?
De nada!

Se não entendo.
Se não me entendes.
Se és minha dor.
Se sou tua dor.
De que adianta?
De nada.

O luto que luto só?
Perco.
A luta que amo só?
Padeço, pereço, sem preço.
Se troca emoções e lugar!
Conheço.
Dores, alegrias e recomeços.
De que adianta?
Tropeço.
Com a cara no chão eu vejo
Novamente solidão
Sem apreço.
Querer amor é o começo.
Querer verdadeiro
É com cheiro
E de que adianta?
O perfume
Se é só passageiro!

Se quebra tão fácil
Se acha que de um domingo ao outro
Tudo muda
E tudo mudo.
De que adianta dar a vida?
De que adianta ter dado tudo?
De nada.
Melhor silêncio.
Quando o silêncio gritar mais que o maior som adiantará de alguma coisa.

Francisco Braz Neto (20/02/2020)






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Ninguém é substituível!

"Ninguém é insubstituível."
Discordo totalmente!
 Todo mundo é absolutamente insubstituível. Somos únicos, não há outro igual. Essa de achar que ninguém é insubstituível briga frontalmente com a ideia de sermos únicos. Simplesmente não faz sentido. Ou uma coisa ou outra. Prefiro a lógica de que pessoas são únicas, inigualáveis e nisso me incluir.
Há pessoas melhores que eu, mais altas, mais fortes, mais baixas, mais pacientes, tão trabalhadoras quanto eu e seja lá qual for o aspecto serão mais, menos ou iguais a mim, porém no pacote completo não. Sem chances. O conjunto de características que me compõem só geraram um de mim.

Francisco Braz Neto (18/02/2020)


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Diário trinta 30

É trinta.
Dia 30 de janeiro de 2020.
Diário, meu diário.
Acordei cedo, quase não dormi de ontem para hoje.
Hoje seria um dia para celebrar, pois é 30.
Trinta comemorações vezes 30, vezes 300 e até o último suspiro.
Tentei.
Perdi.

Por um tempo que desconheço seguirei perdido.
Por onde vou?
Onde chegarei?
Quando chegarei?
Estou sem respostas.
Me concentro em achar um caminho com as forças que me restam.

Diário! É trinta de janeiro de 2020.
Seria para celebrar, mas não é.
É dia de nadar.
É dia de respirar.
É dia.
Sem remédios.
São 30 dias somados a tantos outros e somados formam anos que quem sabe não deveria provocar mais.
Quem sabe não deveria provocar mais.
Água.
No rosto.
Água.
Na face.
Água.
Dos olhos.
Água.
Tão abundante.

É, são 24 horas de 30.
Até a meia noite.
O único dia que coincide com a quantidade de dias.
No dia 30, são trinta dias em 2020 só.
Muita água.
Em dias de sol, céu azul e mesmo assim água.

Eu poderia ter esquecido que dia era hoje, mas lembrei.
É, eu poderia ter esquecido que dia seria hoje, porém lembrei.
Por trinta vezes trinta vezes trinta me veio a cabeça, não tenho remédios.
Agora mãos invisíveis apertam o meu coração. Por quantas vezes? Não sei.
Outras datas, outros números, são importantes.
Por que tem que ser assim?
Uma dor 30 vezes maior.
Será?
Não inventaram medidores de dor.
Não inventaram medidores de sensibilidade a dor.
Até o dia 30, não.
Vou escrever no diário. Vou escrever na agenda.
Na página em branco do dia 30.

Francisco Braz Neto (30/01/2020)









sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Semear e colher

Se chorei ou sorri?
Sim, chorei.
Sim, sorri.
Mas sorrir nem sempre é alegria
Chorar nem sempre é tristeza
Não é só viver de emoções que importa
Importa com quais emoções mais se vive.

Admitir que chorei é fraqueza?
Não faça arrodeios.
Faço mais!
Eu admito fraquezas.
No mundo de tantos perfeitos
Sou defeitos.
No mundo de tantos certos
Sou errado.
E o que importa?
Importa o motivo do choro mais que o choro em si.
O choro de extrema felicidade, extrema emoção ao abraçar quem se ama, ver uma grande realização de quem queremos feliz e coisas boas de uma forma geral, desse choro pode ser toda semana. Pode ser em público, pode ser registrado, pode ganhar o mundo.
O choro da perda, da vergonha, do arrependimento, da solidão, do desespero, da desilusão e coisas ruins de uma forma geral, desse choro não quero nunca. Mas é inevitável, então que não seja em público, que não se registre e que seja no ombro, no colo, nos olhos de quem me ame.

E os sorrisos?
Do engraçado, do divertido, da boa nova, pelo sucesso e por tudo que é bom.
E o que importa?
O motivo importa.
Sorrisos não são tão óbvios
Sorrisos são sortidos
E alguns são só para deixar tudo como está.
E alguns são só para deixar todos como estão.
É só por fora
Dentro, escuridão.

Quando fiz sorrir querendo, em mim plantei existência
Quando ofereci ombro querendo, em mim plantei persistência
Quando ofereci ouvidos querendo, em mim plantei coerência
Quando ofereci lealdade querendo, em mim plantei transparência
Quando ofereci amor querendo, em mim plantei minha essência.

Se chorei ou sorri?
E o que importa?
Quem se importa?
Quem se importa com o seu choro?
Com o meu, eu sei quem.
Com o meu, eu sei como.
É sempre bom lembrar quem se importa com o choro, com o sorriso e com todas as emoções que experimentamos ao longo da vida.
É bom lembrar como se importam.
Quem e como.
É bom saber.
É bom lembrar.

Há fases da vida que se espera colheita, não é possível viver só semeando.
É bom chegar em um equilíbrio.
Plantar e colher equilibrado.
E desequilíbrio em alguns outros pontos.
Ganhar e perder com vantagens amplas para o ganhar.
Sorrir e chorar com ampla vantagem dos sorrisos com auxílio de choros de alegria.
É um desejo.
É uma vontade.
Que seja para todos os merecedores.

Francisco Braz Neto (24/01/202











terça-feira, 21 de janeiro de 2020

E se

E se for verdade

E se tiver sido verdade

O dia existiu.
As palavras foram ditas.
Quem as disse não achava que era apenas um momento.

E se o dia existiu
E se as palavras foram ditas
E quem disse acha que é e sempre será

Sem se.
Só certezas.
Sou carinho
Sou ombro
Sou ouvidos
Sou abraços
Sou calma
Sou consolo
E tudo sou por sempre ter sido
Quando pude
Mesmo perdido
Por fora ofereço um sorriso
Até quando sangrando e destruído.
E tudo precisa ser repetido.

Se for verdade
Sou bom conselho
Palavra sincera
Que ajuda e coopera
Conversa sem pressa
Afaga e serena
Remédio da crise
Segurança no pânico
Que até ao telefone
Enxuga lágrima e altera
A energia mental
Problema é que passa mal
Se isso for mesmo verdade
Essa será a minha vaidade
Servir, servir à amizade.

E se foi verdade ouvi
Sou até inteligente
Profissional competente
Poeta e Pai excelente
E assim pretendo seguir
Carente eu sou de ouvir
Que ainda valho a pena
E a vida só fica bela
Quando todo amor que há em mim
Produz momentos capazes
De mais sorrisos causar
Em quem sorrisos me trazem.

Francisco Braz Neto (21/01/2020)











Para maiores de idade

Sou sexo made
Não sou hand made
Sou produto nacional
Made in Braszil
Sou século XX
Sou safra 1978
Sou mesmo esse animal.

Sou Pedra
Sou raiz
Sou Pernambuco
Sou mundo
E bem profundo.

Sou sexo feito
Amor desnudado
Vergonha na cara
Dos erros errados
Do tempo que é meu
Do meu contemporâneo
De quem é conterrâneo
E diz fez sexo, fodeu.

Sou pré servativo
Sou pós DSTs
Sou muito mais fricção
E muito sangue nas veias
Aquela que incendeia
Recebe o nome tesão
Na boca palavras de lava
Nas coxas sofreguidão
É sem hora marcada
Produto de exportação
O sangue todo bombeado
Caverna, casa de dragão
Cuspindo o fogo espalhado
Cansados estão, com razão.

Em bocas sussurros malvados
Em peles arrepios sem fim
Os nomes mais censurados
Ditos sem achar ruim
Temperos de apaixonados
Termos de botequim.

Os cromossomos combinados
Um macho total explosão
Sentindo falta da sua calma
Respira e arfa em vão
O cheiro que antes trocavam
São cheiros de solidão
Mesmo maiores de idade
Separam e soltam a mão.

Francisco Braz Neto (21/01/2020)






Pedaços espalhados

Há dias em que pedaços da gente vão para longe. Os motivos são diversos e muitas vezes não temos qualquer controle sobre esses afastamentos.
Há como buscar consolo ao pensar que é para o bem de quem tanto amamos, o que não significa que não doa muito. É como arrancar alguma parte do corpo, por mais que seja para um bem vai doer e nesse caso é sem anestesia.
Eu vivo uma rotina de idas e vindas, agora as idas e vindas serão para distâncias maiores e por ter mais pedaços de mim espalhados.
Aguentar, seguir em frente. É a vida.
A vida de vocês também é assim, não é?
Quem a gente ama vai embora, uma hora ou outra, de uma forma ou outra, por um motivo ou outro.
Viagens, desentendimentos, morte, carreira profissional, sonhos, acidentes, inícios, fins, etc.
Sempre dói quando quem vai é pedaço de nós e é um pedaço amado.
Dói mente e dói corpo.
Dói o possível e o impossível.
Eu já parti também.
"Me fiz em mil pedaços ... e queria sempre achar explicação para o que eu sentia" Ainda sinto, ainda pulsa, ainda...

Francisco Braz Neto (20/01/2020)


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Prometeu do século XXI

Roubei o fogo.
Deve ser isso
Entreguei aos homens
Zeus não gostou
Zeus se vingou

Roubei o fogo.
Só pode ser
Entreguei a todos
Zeus me puniu
Estou preso
Acorrentado
Meu mundo caiu
Meu fígado atingiu
E todas as vezes
A Águia faminta
Vem saciar
Uma fome sem fim

Roubei o fogo.
Sem promessas
A Águia vai mudar a dieta
Prometeu é imortal
Eu não chego ao Carnaval
Zeus vingará
Meu erro fatal

Meu fígado se regenera
A Águia vem, dilacera
Seu nome é Vida
Eu sempre a achei atrevida
Não prometo nem choro nem vela.

O Olímpo só assiste
A novela que ainda passa
Depois o canal se disfarça
E vira canal de YouTube
Os Deuses pedindo virtudes
Do mortal em desgraça
O fogo roubado ameaça
A Vida e a vida usada
Por quem pegou sem trapaça
Aquilo que sempre foi seu.

Agora outra bicada
Do bico mais afiado
O fígado não é blindado
A dor é de desmaiar
Todos os dias
Dói até de pensar
Que fogo! Que fogo! Sagrado.
Meu sangue vai apagar.

Francisco Braz Neto (08/01/2020)













Luto, luto indigente

O retrato velho está desbotado
Mais um pouco se apaga
E quem vai sentir falta?
Quem vai sentir saudades?
Quanto dói esse desaparecer?

A imagem está desfocada
Mais um pouco afastada
E quem vai corrigir?
Com Bombril antena cobrir
No exato momento que importa
No momento coração ainda toca
Um tambor vigoroso e ritmado
E só quer estar ao lado
De quem quer ouvir

O som está abafado
Mais um pouco se cala
Nem toma conta da sala
Nem é ouvido por ouvidos
É onda que já quebrou
Silêncio foi o que restou
Vazio é o resultado

A existência está condenada
A dor que dilacerava
Dilacera sem compaixão
Ver-se invisível, então
Dói mais quando é bem na frente
De quem olha e não vê a gente
Transpassa o nosso ser transparente
Esmaga o peito e a mente
As forças estão indo embora
Quando for tarde, não chora
Escolhestes cada detalhe
Lutastes cada batalha
E por aí as migalhas
São só efeitos colaterais
É só deixar para depois
A existência condenada
Só serve pra ser usada
Enquanto aguenta calada.

No dia que acontecer
O luto será por segundos
Vencido por outros sentimentos
Por quem recebe valor
Por quem está sendo cuidado
O ego, os outros, amados
Dia após dia da vida
Antes do luto, ferida
Ferido é o seu nome
O luto mais um sobrenome
Do indigente esquecido.

Francisco Braz Neto (08/01/2020)









Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.