sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Dizem

Dizem que opinião é que nem   c   u
pois cada um tem o seu.
Na verdade, opinião é, em alguns casos, que nem endereço
pois mais de uma pessoa partilha.
E pode ser que seja tal qual uma cidade
pois centenas, milhares ou milhões partilham.

Pense bem. Não é tão que nem ...
É mais de outro jeito.


Francisco Braz Neto(22/01/2016)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

As camadas da cebola e a contratação do síndico

 Uma vez, em uma viagem de carro, eu estava conversando com uma pessoa muito próxima e ela disse que eu não a contrataria nunca.
 Ela chegou a essa conclusão depois que eu falei que daria preferência por contratar pessoas que quisessem ser síndicas dos prédios em que moram ou que fossem assíduas nas reuniões de condomínio.
 Acontece que ela não compreendeu que há vários aspectos que foram colocados. Bem, logo no início, fiquem sabendo que essa pessoa está muito bem financeiramente, empregada e era uma situação hipotética.
 Eu falava sobre um desempate, caso eu fosse empregar alguém. Não trabalho em nenhuma área de recursos humanos e a questão central é o desempate. Duas pessoas empatadas em tudo. Currículos com os mesmos cursos, notas, experiência, enfim, só uma diferença. Ao serem questionados sobre se seriam síndicos, se foram síndicos, se vão às reuniões e se se interessam por tudo sobre assuntos relativos aos seus prédios, eu escolheria a pessoa que dissesse sim. Imaginando que só uma delas diria sim, esse seria o desempate.
 Só que o mais importante disso tudo é que a pessoa não me perguntou o motivo ou até hoje não compreendeu. E se eu fosse contratar alguém provavelmente eu a contrataria, caso eu ficasse rico e ocorresse essa situação. A explicação é com o raciocínio das camadas.
 Não sei como, nem onde, nem com quem cada leitor mora, mas dá para cada um aqui e ali se enquadrar nas camadas. A ordenação será com base em quem mora em prédios de apartamentos. Sem delongas, lá vai!
 Pense e responda. Você se importa com o lugar que você dorme? Seu quarto?
Você se importa com o seu quarto e seu banheiro?
Você que tem filhos se importa com o quarto dos seus filhos?
Você se importa com o quarto dos seus irmãos?
Importa se estiverem sujos e fedendo?
Importa se vem barulho de lá?
Você se importa se a sala está bagunçada?
Incomoda se a cozinha está suja e cheia de insetos?

Mesmo a sequência sendo só de apartamentos, há uma infinidade de possibilidades. Apartamentos de um quarto, kit net, com banheiros coletivos e por aí vai.  

Vou seguir.
Já compreendeu a ideia?
Adivinhou onde isso termina?
Depois da cozinha, da sala, dos banheiros, dos quartos e demais cômodos o que vem depois?
E com o que você se importa? Já percebeu alguma coerência ou incoerência no que tens feito?

Quando acabarem os cômodos da sua unidade habitacional vem um corredor ou um hall ou uma área que não é mais privativa. Essa área te importa? Essa camada externa ao que tens como sua propriedade você se importa com ela? Te diz respeito?
Depois do corredor do seu andar vou resumir todas as inúmeras possibilidades de áreas de cada prédio como áreas comuns. Você se importa com elas? É da sua conta? Se quebrarem algum vidro, se destruírem móveis, se deixarem equipamentos ligados sem necessidade, se deixarem torneiras ligadas e desperdiçarem água, se andarem com animais perigosos e aí? Importa?
E depois do prédio a calçada e depois a rua. Você reclama dos buracos ou sujeira na rua em frente ao prédio? Reclama? Por que? Nem das coisas do seu prédio você toma conta e quer reclamar da camada de fora? O que é mais seu, seu prédio ou a rua? Como pode haver coerência nessas escolhas de camadas?
 E depois da rua em frente ao prédio você se importa com seu quarteirão? Há alguma chance de você dar a mínima bola sobre se seu quarteirão é limpo, seguro e bonito?
Você se importa com seu bairro?
Se importa com sua cidade?
Se importa com seu Estado?
Você se importa com seu País?
Você se importa com seu continente?
Se importa com seu planeta?
 Aí você não tem conhecimentos para ver a ligação. Bem, acho que não é o seu caso. Certamente não era o caso da pessoa que estava conversando comigo. Ela é uma pessoa sensível e quando vê um animal doente e abandonado na rua fica emocionada. Mas o animal está fora da camada quarto, fora da camada apartamento, como é esse pulo?
Cama sim, quarto sim, sala sim, apartamento sim, prédio que se ..., calçadas que se ... pois ando de carro e quase não uso calçadas, quarteirão sim, ruas sim, bairro sim, cidade sim, Estado que se ... pois não moro em todos os lugares ao mesmo tempo, País sim pois me importa esculhambar essa zona e segue assim.
Repito. Como é este pulo? Como gastar tanta energia achando defeitos no que está errado tão longe e não fazer nada por tudo que está tão perto? Onde está a coerência de querer se meter lá fora e não dentro?
 Eu acho que todos devem se incomodar com todas as camadas. De formas diferentes, mas com todas. Ou se a pessoa não quiser se incomodar com as camadas só vejo coerência tomando conta apenas da sua camada inicial. Não deve se importar com a poluição dos rios e mares, nem com extinção de animais, nem com guerras, violências, com nada. Tudo que passe para uma próxima camada que envolva um segundo ser humano não diz respeito à alguém que pula camadas nas partes coletivas.
Você se importa com poluição e seu prédio não faz nada certo sobre isso, se importa com o barulho mas não foi votar sobre como seriam os regimentos, acha que o prédio está mal cuidado, que os corredores estão sujos e não faz nada a respeito, nunca fez, então fica difícil encontrar coerência.

 Para terminar queria falar sobre mais um ponto crucial para que o Brasil e cada brasileiro pudessem melhorar. As pessoas falam com razão. "Não vou para às reuniões de condomínio pois não quero me estressar!" Assim como admito que quem fala isso tem razão quero razão para o que vou dizer. Quem vai para as reuniões de condomínio não quer se estressar. Essa separação simplória de que quem vai é quem está descansado ou alguma outra desqualificação é injusta. Há quem vá pois acredita que pelo menos o prédio é algo que lhe pertence e ao mesmo tempo é um exercício de democracia. Inúmeras vezes será feito bem na sua frente uma votação em que você vai perder.
 Uma reunião de condomínio é uma prova. Lá você mostra muito de si. Tolerância ou intolerância, reclamações ou proposições. Lá você vê muito dos que dividem o espaço com você e com seus familiares. Lá você toma conta de uma camada da cebola que está pertinho de camadas que quase todo mundo se importa. Lá você pode ver que há humanidade completa, há pessoas experientes, há tolos, há sábios, há de tudo nas reuniões de condomínio, mas o que mais tem sido normal é: há poucos!

 É triste um olhar tão relapso, o descaso, o descompromisso com o que é nosso. O brasileiro não sabe ser dono da República. A coisa pública não é nossa pois nem a coisa privada o é!

 Então eu realmente desempataria. Não seria eu quem pensaria que quem se importa com as coisas camada por camada e fazem bem ao planeta cuidando bem até de si mesmo se joga fora.
 
Outro dia li uma citação com a seguinte ideia: "o mundo não será salvo por quem sabe(tem conhecimentos) e sim por quem se importa." Tentei achar a citação e colocar o link, mas não consegui. Caso eu ache eu retorno ao texto para colocá-la. Até lá vou contratando síndicos.












    

Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.