sábado, 16 de junho de 2018

Paixão é um risco.

Aprendo. Aprendi. A soltei.
Soltei a mão da segurança.
Soltei de vez.
Humilde e desnudo.
Pavor absurdo!
Quando consigo, ... fico mudo.

Amor e paixão. Paixão e amor.
Par ímpar!
Par forte!
Pesados.
Risco no passado.
Digito no presente.
Dúvida no futuro.
Certeza é que sempre risco
Um risco maior
Risco menor
Escrevo arisco
Sobre como me arrisco
É penhasco
É vulcão
Mais um precipício.

Francisco Braz Neto(16/06/2018)

Dores emocionais

Dores são tão únicas quanto cada ser humano pode ser.
A recuperação de cada uma, idem. 

Dores físicas, visíveis e aceitas.
Está lá!
Estão lá!
Acreditadas.
Fraturas, cortes, arranhões, ...
Queimaduras, hematomas e lesões.
Quem cura?
Quem trata?
Quem estuda?
Quem maltrata?
Duvidar é o que mata.

Dores emocionais, invisíveis e não aceitas.
Está lá!
Estão lá!
Desacreditadas.
De frescuras, chamadas.
Acham que é difícil ser real.
Tristezas, saudades, solidões, ...
Desprezo, esquecimentos e desilusões.
Quem cura?
Quem trata?
Quem estuda?
Quem maltrata?
Duvidar é o que mata.

Enquanto pulsa
Afasta
As dores sem nome e sem forma
Devasta
A primeira vez que as senti?
Nasça!
Nó na garganta é tão físico
Ataca!
Remédio! Remédio proibido! 
Farmácia.
Na falta
Na ausência
Na escuridão
No meio da multidão
Me abraça.
Enquanto estudam, curam e tratam...
Duvidar é o que mata.

Francisco Braz de Macêdo Neto(16/06/2018)







segunda-feira, 11 de junho de 2018

Pedindo desculpas


Desculpa

Sincera

A de segunda-feira, a de terça-feira, a de quarta-feira, a de quinta-feira, a de sexta-feira, a de sábado, a de domingo.

Desculpas

Sinceras

A de segunda-feira, a de terça-feira, a de quarta-feira, a de quinta-feira, a de sexta-feira, a de sábado, a de domingo.

Desculpas

De joelhos

A de segunda-feira, a de terça-feira, a de quarta-feira, a de quinta-feira, a de sexta-feira, a de sábado, a de domingo.

Desculpas

Pelo dito, pelo não dito, pelo feito e o não feito.
Desculpa pelo desfeito.

Desculpas pelo que fizeram, pelo que não pude evitar que fizessem e pelo que farão.
Desculpas pessoalmente, por escrito, pelo escondido e pelo rosto atrevido. Desculpa pela tristeza que me invade sem me pedir.
Desculpas eu peço mesmo que não aceites.
Desculpas em vídeo, em público, ao vivo, ao pé do ouvido, correndo perigo de ser desmedido.
Desculpas pelo que eu fiz e pelo que não fiz. Desculpas pelo que farei e pelo que não farei.

Desculpe mãe, eu me arrependo.

Desculpe pai, vou aprendendo.

Desculpa irmãs, só deu para ser isso.

Desculpa irmão, não segurei tua mão.

Desculpem todos os que puderem me desculpar, eu não sei saber. Eu não sei fazer nem desfazer.
Não sei se acerto pedir desculpas, vou tentar um treinamento intensivo. Vou ficar praticando até pedir bem pedido.

Desculpa

Insistente

Pelo erro recorrente

A de segunda-feira, a de terça-feira, a de quarta-feira, a de quinta-feira, a de sexta-feira, a de sábado, a de domingo.

A da semana passada, do mês passado e de todos os meses até que completem um ano de desculpas e depois tomo fôlego e peço mais desculpas.

Desculpas pelo ano passado e pelos anos passados. Desculpa o mau humor, o tom de voz, a presença, a ausência, a displicência, a interferência e a minha existência. Tentei dizer que não queria ser resto, muito menos tão ser de não ser.

Desculpas pelo drama, eu ensino um segredo, joga o resto fora que ele não incomoda nunca mais. Resto parece defunto, fica tão quieto. Desaparece bem, fica invisível e nem produz som. Nem para pedir novas desculpas ele volta. Fica segurando a vontade de se redimir por saber que não consegue.
Desculpas pelo pronome errado, pelo mal-entendido, pelo texto, pelo contexto, pelo exposto, pelo gosto, pelo desgosto e por tirar o sorriso do rosto.

Desculpas por pedir demais, por errar a dose, por ficar triste e não guardar tudo para mim. Sou muito apegado aos meus pedaços. Fico tentando ter coisas que só eu tenho apego. Tenho apego ao que me fez companhia por muitos anos. Dou umas conversadas com minha amiga Tristeza e faço uns cafunés na minha parceira Solidão. Meu semblante muda nessas horas. Meu rosto muda mais ainda e por mais tempo pela confidente de todas as horas chamada Mágoa e se ela vier com a turma completa não tem curso de teatro que me salve para eu ficar com o rosto melhor.

Desculpas a quem magoei, a quem amo e contra quem cometi injustiças. Não precisa de muita reflexão. Não quero ter razão. Bem assim, simples e direto. Eu estou errado, estava errado, estarei, estaria, estive e se eu puder vou tentar errar menos de agora em diante. Até queria ter aprendido a desnascer. Sejam todos muito felizes.



Francisco Braz Neto(11/06/2018)

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Solidão Absoluta

O que seria? A metafórica?
Não.
Por que seria? Por escolha?
Não.
Quem saberia? Os melhores amigos e familiares?
Não.
Como seria? Sendo um náufrago numa ilha deserta?
Não.

Só.
ÃO
Sozão.
Só.
INHO
Sozinho.

Conseguindo escutar os sons de cada pensamento como passos de sapatos bem barulhentos.
Recebendo visitas de reflexões e memórias, sem horário marcado, batendo como martelos de uma reforma sem fim.
Parede. Paredes. Teto e piso. Quatro paredes, teto e piso. Piso. A Solidão Absoluta pisa.

O que seria?
Ser humano sem nenhum outro humano ser presente. Ser humano sem escape, sem fuga e nessa prisão dia após dia é solitária a estadia. Só, por causa de não ter emprego e não vê colegas de trabalho. Só, pois não é mais estudante e não tem colegas de estudo. Só, pois mesmo que tenhas aulas e colegas de trabalho e de curso, ao final das aulas ou do trabalho só vão restar ausências de seres.

Por que seria?
Um dia você fica só pela primeira vez. Nem liga e até acha bom a novidade. Antes desse dia pode ser que até tenha sonhado com uma chance de se curtir. Depois vê que é bom e quer escolher outros dias para ficar só. Na Solidão Absoluta você fica só um dia e o dia seguinte também, depois você vê que já se passaram algumas semanas e não acha graça da brincadeira. No manual da vida não te avisaram que seria assim. Solidão Absoluta quando se é criança, adolescente, jovem adulto, adulto, idoso ou nos últimos momentos da vida, enfim, em nenhum momento presta. Seria uma doença? Realmente não sei. A questão é: em sendo doença, tem cura? Depois de anos de Solidão Absoluta, é tarde demais?
Quando o que resta são escombros e cansaço, como arrumar? A Solidão Absoluta persiste dia e noite. No período da noite os pensamentos caminham, tropeçam, esbarram, caem, derrubam, escorregam, machucam e se machucam. Depois de algumas noites a mente pode estar tão bagunçada que não tem como arrumar. Até durante o dia os pensamentos começam a passear por essa casa desarrumada que nossa mente se transformou e também esbarram em tudo. A casa desarrumada se torna o único referencial de normalidade. A Solidão Absoluta vira a companhia mais constante. Como náufrago, resta criar alternativas para um mínimo de conforto mental. Uma conversa virtual, mais uma conversa consigo mesmo, um livro, um vídeo, alguns momentos diante da televisão e assim por diante. Qualquer forma de enganar a mente, dar uma tapinha nas costas e dizer que vai ficar tudo bem. Tudo vai ficar bem, basta você viver o suficiente para isso.

Quem saberia?
Você não sabe quem sabe e imagina que todos sabem. Todos que te falaram que se importam, que te amam e que você poderia contar com eles para tudo sempre que você precisasse. Você pode ter passado pela também assustadora, Solidão Acompanhada, alguém que estava dividindo rotineiramente o interior das paredes, mas te deixava só, em desamparo e ainda assim não percebia que estava deixando você tão ilhado e após esse período retornar para a Solidão Absoluta. Bem, via de regra, sabe de nós quem procura saber, quem se importa, quem ama além das palavras, quem ama por verbo e por ação.

Como seria?
Só lágrima. Seca. Reabastece. Só lágrima. Seca. Reabastece.
Faz um monte de coisas que a vida de qualquer ser vai ter.
Se esforça para lembrar de algum dia ou momento em que desejou ficar só, uma vez que tem uma abundância de solidão.
Só lágrima. Seca. Reabastece. Dá uma risada. Seca. Reabastece.
Não tem outra saída. Precisa dar uma estafa para o cérebro. Seca. Reabastece.
Chora seco. Sorri. Escuta soluções prontas. Escuta receitas infalíveis. Reflete.
Escuta. Escuta. Receitas infalíveis. Soluções prontas.
Abastecido de lágrimas e mágoas segue. Reflete.
Só lágrima. Seca. Música. Reabastece. Melodia. Nó na garganta.
Fracasso minunciosamente escolhido. Fracasso de grife.
Fracasso elegante. Fracasso internacional. Prada! Gucci! Louis Vuitton!
Soluços. Solução.
Raiva! Revolta!
Confusão.
Solidão Absoluta não é metáfora para multidão.
Você fecha o olho, está sozinho.
Acorda e ninguém segura tua mão.
Você reconhece as paredes, o teto e o chão.


Francisco Braz Neto(06/06/2018) 















Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.