sábado, 30 de novembro de 2019

Demais do mais do mesmo

De tudo que há
Há mais
De tudo que se vive
Há mais
Muito mais
Há demais

Do tudo que há
Há o mesmo
De novo
Novamente
Bem mais!

Quando vai parar?
Não sei mais.
Há mas, há porém e há do mesmo.
Até um fim
Dois fins
E um final.

Quando não suporta mais
E quica.
Vai quicando...
E a mais recente é a mais.
Dolorida.
Dolorosa.

As queimaduras de infância, cicatriz.
Cortes da adolescência, repeti.
O adulto achou pouco, insisti.
E sempre vem mais.
Vem demais do mais do mesmo.

E o mais recente parece doer mais.
O mais recente dói muito mais por comparação.
O que doeu há anos hoje não tanto quanto o que está em cartaz.
Essa sessão das 20h o filme me traz
A queimadura por fora
O corte que sangra e banha quintais.
O banho que consome e suja
Do mesmo sangue de antes
É sangue, é sangue demais.

Francisco Braz Neto (30/11/2019)



domingo, 24 de novembro de 2019

E eu não nasci há tanto tempo atrás!

Eu nasci há tempo.
Há tanto tempo eu nasci.
Vi começo, meio e fim.
Vi, vim e venci.
Vi perder, achar e cair.
Nem a tanto tempo assim.

Eu vi construir e demolir.
Ouvi dizer e não cumprir.
Há tempo que não há o que sorrir.
Se vou conseguir ver mais quem irá mentir?
E há pouco tempo atrás foi que outro tanto vi.

Olhei pro infinito e ele todo foi sorrir.
Feito de infinitos muitos
Um frente, um trás e os demais
Quer se descobrir.
Tribo, grupo, bando
Vila, burgo, Parir
Um s no r a cidade
O r ficando humanidade
Cresce, cresce a expandir.
E eu nem nasci há tanto tempo atrás!
Já vi, ouvi e aprendi.

Amigos melhores um dia
Um dia e tudo mudou
Mudar é a mais constante rotina
A amizade nem aguentou
Impérios, monumentos, castelos
Quem viu um que desmoronou?
A efêmera existência de um
Mudanças, mudanças, alterou
Amigos, casas, amores
E quantas nem observou?
Não tinha e tem smartphone
Quem vai ter o que nunca faltou?
Se nem muito tempo vivo ia.
Se quem foi nunca voltou.
Em uma única chance.
Quanta coisa acabou?
O belo da vida gangorra.
Começa, meia e findou.
Eu vi há tempos como era.
E vejo como ficou.
Quantas mais primaveras?
Tempestades de mudanças alcançou.
Na mente a lista não finda
De tudo que novo chegou.
O medo é que isso acabe
Com o abraço que já começou.
Humano há tempo demais
É frase que nunca rimou.

Francisco Braz Neto (24/11/2019)






















sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Decoração textual


Me livra
Me livro
Me escreve
Me pinta
Me enquadra
Me flagra

Já inexisti
Fui tentativa
Cunhado
No papiro
Pergaminho
Em colunas
Em paredes
De templos
De castelos
Até que de inexistir eu existi
E o tempo passou
E de tantos lugares
Só livro!

Liberdade!
Eu imploro!
Por que só livro?
Me livro e também me livra.
Me parede
Me teto, me piso, me porta
Me coluna, me espelha
Me projeta, me exporta
Me olha, me fita, me lê
A forma, o conteúdo e o você
Me lendo na estação do metrô
Saí da tela do computador
E fui falar de um tudo
Falei até de amor

Me livro
Me livra
E logo converso contigo
Naquele dia feliz
Você sorrindo me diz
Que bom que estou ali
E livra logo de vez
Me livra da forma estanque
Não quero só como antes
Me põe em forma digital
Em cores e luzes de LED
Me põe na nova versão
A nova tecnologia
Vai valorizar o refrão

Entende que livre é melhor
Assim não fico só livro
Volto a ser livre
E você me lê
Assim você me decora
E eu decoro o quarto
E você me lê
Enquanto eu decoro a estação
Decoro até uma garrafa
E quando você me notar
Em qual lugar devo estar?
Onde podes me encontrar?
Serei sua tatuagem
Decoro a pele selvagem
Virgem de mim na lembrança
Ir além é a esperança 
Além do livro quintal
Decoro tudo que penso
Entenda o propósito afinal
Decoração textual
É mais uma beleza no mundo
Carente desse profundo
Do leve e ornamental

De
Coração
Textual
Em mim projetada
De dentro pra fora é projeto
De fora pra pele é cinema
Me testa o texto na roupa
Me bota na toalha e na louça
Na nave, no barco, no trem
Me livra
Me livro
Me brinca
Eu vou decorar o além
De
Coração
Textual
Pulsando
até 
o final. 

Francisco Braz Neto(08/11/2019) 

 








sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Aconchego

Oferece Aconchego
Chamego
Desejo
Que eu chego.

Recosta no meu peito de homem
No pelo
No ombro
Seguro abdômen.
Oferecido ao encaixe
Cicatrizes de outros enlaces
Ouvindo o teu doce nome.

Aquele calor corporal
A troca é tão passional
O sangue fervendo nas veias
Artérias e pulso anormal
Um bater tão acelerado
E o Aconchego aguardado
Vai coroar o final.

Matador de todos os medos
É meu amigo Aconchego
Insegurança treme
Pavor assim, passa fome
Eu quero ouvir o teu nome
Ao acordar logo cedo.

Volta! Volta! Volta!
Me pede de novo.
Não diz que há fim.
Amor é tudo pra mim.
Conheço o fundo do poço
Em braços recebo reforço
Decifro a mínima letra
Até a que confundi.
De idiomas mais variados
Até o dos querubins.

A luta da vida é sem pausa
É preço pra tudo que vejo
Enquanto não tenho Aconchego
A volta não volta pra mim
Me bota na pauta, na letra
Me ajeita, me faz um "denguin"
Me acerta, me canta, me versa
Troca o não pelo sim.

Aconchega o Aconchego mais forte
Me chama, repete com força
Convicta, única, segura!
Mais tarde a gente conversa
Fazendo tudo sem pressa
Madura, plena de doçura
O Aconchego se completa
Ternura, candura, formosura
Segura, segura, segura.

Francisco Braz Neto (27/09/2019)

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Rua fria

Na rua faz frio.
Eu sei como pisar no coração de um ser humano.
Já fui humano eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são sempre os outros.

Na rua faz frio eu sei.
Eu sei como pisar sem fazer barulho.
Já fiz barulho eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são sempre os outros.

Para pisar no coração de um ser humano existência no ato.
Um pavoroso compasso.
Para pisar no coração de um ser humano ponta e bico de aço.
A lança na costela eu passo.

A rua é fria a noite.
Até onde de dia é quente.
A rua é fria eu sei.
A rua é fria eu sei.
Para pisar na rua fria uma vítima, um falso.
Um paralelo eu traço.
Eu já pisei eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são os outros.

A rua se anuncia.
De dia quente de noite fria.
O banho é chuva.
A chuva é o banho, a bebida e o disfarce.
Com o que nela não faz contraste.
Rua fria e eu sabia.
Acaba logo, agonia!
Eu sei ou sabia?
Talvez eu saiba.
Quem julga são os outros.

A rua é rua, rua avenida, rua viela, rua fechada e fria.
Lar e céu.
Como está o céu hoje?
Olha lá! Vai!
Estrelado?
Está chovendo?
Está nevando?
Consegue ver a lua?
Eu sei como pisar no coração de um ser humano.
Já fui humano eu sei.
Já fui humano eu sei.
Para pisar no coração de um ser humano deixe ele para depois.
Coma seu Baião de dois e deixe ele pensar que vale menos que arroz.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são os outros.

A rua é fria.
Rua fria.
Vazia.
Sons.
Luzes.
Esconde.
Escondeu.
Escondia.
Um louco que dançava uma música que os outros não ouviam.
E assim a humanidade ... ia.
Calendário vigente do planeta sem guia.
A rua fria abraça.
Dela não terás alforria.
Agora anda até esgotar tuas forças.
Pisar em corações de humanos jamais te dará alegria.
Já fui humano eu sei.
Já fui humano um dia.
A rua foi quente e estava cheia.
E hoje fria, fria, vazia.

Francisco Braz Neto (24/09/2019)









segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Interpretação

Ponto
..
.
.
.
Entendeu? 

Completa
.
.
.
.
.
.
Lacuna
.
.
.
.
.
.
.
.
Vazio. 
.
.
.
.
.
.
.
.
Vírgula
,
,
,
,
,
,
,
,
,
Acento
Cento
Assento

Transparente


Em branco


Agudo

Circunflexo
^
^
^
^
Interrogação
?
?
?
?
?
?
?
Tudo junto
Interpretação

Até vazio é informação. 

Translúcido
Opaco
Interação.

Rimei
Rimei
Finalização. 
Pingo e ponto?
Distintos!
Leu, leu? 
Interpretação. 

Francisco Braz Neto (16/09/2019)



sábado, 31 de agosto de 2019

Despejo

A ordem
De despejo
A desordem
E o medo

O modelo
Repetido
No espelho
Refletido

Desse jeito
É tão feio
É assim
Consumido

E ando nos vales das sombras
E as sombras estão sumindo
A luz está acabando e não há sombras em escuridão total.
Há contos.
Te conto.
Conto hora, conto minuto, conto segundo e ...
Conto de fadas
Conto de fados
Contos de realidade
Sem ser fantástico
Sem ser fantasia

Só uma ordem
Várias desordens
Porta, chão, prateleiras
Uma ordem
Várias desordens
Quebrados, descascados, arranhados, descolados, emperrados e sujos.
Pó!
Poeira.
Vidro, plástico, ...
Madeira.

Varre.
Pá!
Despeja
No saco
Enche
Despeja
Descarta
Esqueça.

Um dia em trinta?
Não.
Um dia em 180?
Talvez.
Um dia em 360?
Pode ser.
Reveillon!
Dia ímpar.
Um descuido.
Da boca pra fora.
Do gesto que aflora.
Perdido.
Completamente perdido em um todo.
Um todo imensidão de ser um ser do mundo.
Que não pediu, entretanto pede.
O tempo faz toda a diferença.
O tempo fez toda a diferença.

O cemitério está cheio de tudo.
Despejos e despejados.
Perdões e perdoados.
Mágoas e magoados.
Esperas e esperados.
Promessas e desapontados.
Até amor!
Até amado.

Despeja tu
Despeja eu
Na rua
Na chuva
Na sarjeta
Sem casa
Sem sapê
Mi, repetidas vezes
Mi, repetidas vezes
Mi, repetidas vezes
Lá.
Longe.

No lixão.

Vá virar
Gás
Vá virar

Vá virar
Metano
Vá virar, tornar-se, vir a ser
Petróleo
E enquanto vira
Se vira!
Some.
Evapora.
Silencia teus gritos textuais.
Silencia tua voz grave.
Não grave o que diz.
Não escreva o que fala.
Não registra o que pensa.
Queismos demais.
Erro básico de português.
Sem estilo.

Vá!
Estudar
Aprender
Ler
Vá!
Tudo
Desde que vá
E não volte.
Não implore
Não chore
Não grite
E acima de tudo
Não vença!
O pior que pode acontecer para quem despeja um derrotado é vê-lo vitorioso.

Francisco Braz Neto(31/08/2019) 























domingo, 14 de julho de 2019

A lembrança não pede licença

Hoje
Agora
Papel, caneta
Teclado, tela
Neurônio e ela
Lembrar sem ela

Sem a licença
Sem a foto
Pois foi hoje
Justamente hoje
Sem ela
Sem cerimônia
A lembrança
A reflexão
Cadê a foto?
Cadê as fotos?

Luz, câmera, ação!
Se vem sem licença
Embora não vão
Com ordem do dono
Perduram então
O tempo que querem
Ficar sem perdão
De fome se mata
Após o cordão
Nascido e faminto
Mamar emoção

Mama esquerda
Mama direita
Mama direito
Mama errado
Alimentado
Inocente e culpado
O álbum, as fotos
Tudo documentado

Quero lembrar de propósito
O dia sorriso banguelo
Quero olhos congelados
Na foto revelada e amarela
Por tempo que cabia em braços
Por dias em branca aquarela
Me conta quem fui muito antes
Do tempo que conheci ela
Lembrança de quando nem ando
Nem falo, nem corro, nem trela
A quem souber me responda
Lembrança é amiga dela?
Da vida que se sabe por outros
Das cores pintadas por elas.


Francisco Braz Neto (14/07/2019)




terça-feira, 14 de maio de 2019

Ponto

Um ponto
De vista

Um ponto
Final

Um ponto
Vitorioso
Não tem outro igual

Um ponto
Compete
Junto aos outros
Vence.

Vendo
Os olhos
Pontos não vistos
Vendo olhos
A prazo e faço barganha
Vendo olhos baratos
Vendo que muitos olhos são cegos
Olham sem ver
Escravos de cérebros que não os libertam.

Pontos
São muitos
Ainda que pontos
Incontáveis
Ainda que ínfimos
Ainda que íntimos
Pontos desprezados
Invisíveis.

Olhos inebriados
Olhos ébrios
Olhos bêbados
E não conseguem ver pontos
Quando olham alguns
Não entendem o todo
A mais bela obra do mundo
De pontos é feita
E o todo é de partes.

Ponto de vista mudado
Ponto de vista mudando
Resultados diferentes
Do alto
De frente
De quando estavas ausente
Vendo um ponto
Vendo dois
Não via o todo
Sem tempo para tal
Sem prática
Sem paz
Se não pa.... ciência
Vendo e recebendo a vista.
Parcelas diárias.
Manhã, tarde e noite.
Vendo e recebendo sangue, suor e lágrimas.
Vendo pontinhos
Entendendo pontinhos
Nunca o todo.

Um ponto de vista.

Um ponto final.

Vendo o ponto inteiro
Vendo atentamente
Vendo com lupa
Até pode continuar ponto
Pode ser mais.
Ponto semente você planta
Cuida
Cresce e aparece.
Ponto cultivado por um outro ponto de vista.
Atropelado, fica em pedaços.
Bem cuidado, cresce e frutifica.
Pontos e vista.

Francisco Braz Neto (14/05/2019)






Recita-me

Recita-me!
Alto!
Recita-me!
Baixo...
Recita-me
Hoje
Repete amanhã.

Me cita
Me agita
Me fita
Palavra que foi meu divã
Explica.

Morrendo como todo mundo
Ressuscita-me toda vez que
Recita
Cita
Excita
Me agita
Imortal
Fica

Refrão
Do céu
Ao chão
Bordão
Rima com todo ão
Em profusão

Recita-me.
Rápido!
Recita-me!
Leeeeento...
Ainda ouço
Sou vento
Camões e Casmurro
Tô dentro
Machado é citado
Um alento.
Imortal
Ressuscitado
Cada vez que lembrado e declamado.
Cada vez que lido.
Falando ou calado.

Recita-me esta noite
Faz ao pé do ouvido
Faz no palco

Faz show
Cada verso vai colocar
Sorriso
Faz sarau
Cada estrofe vai causar
Sentido
E assim Caminha
Humanidade e Graciliano
Romance provinciano
Palavras por engano
Recita-me!
Eu amo!
Imortal, imortal...
Engano.

Francisco Braz Neto (14/05/2019)




quinta-feira, 4 de abril de 2019

OVNI como?

OVNI como?
Se sei que todos sabem de tudo.
Como não identificado é possível?
Só pode ser OVI!
Objeto voador identificado.

Pois sabem.
Sabem de tudo!
O OVNI tentou, tentou e tentou, mas não conseguiu continuar.
Não identificado.
Todos sabem.
Quase todos sabem muito bem.
Quem sabe quem não sabe é de outro planeta, de outro mundo, de outras galáxias?
Saber é o mais humano do que faz um humano ser.
Tem que saber mesmo que raso, mesmo que acho e tem que ser imediato.
Proibido é ser profundo.

Quando todos sabem de tudo um OVNI ou vários não entendem como se sabe sem saber.
Aí chega um ser humano sabe tudo e explica que sabemos tudo sem saber por amarmos sem amar, fazermos sem fazer e falarmos sem falar.

Assim seguimos e somos. Se adianta? Não sei.
Os sabe tudo que respondam.

Francisco Braz Neto (04/04/2019)

terça-feira, 2 de abril de 2019

Mensagem direta.

Quem precisa me falar que depois continua é quem já conhece o caminho. Quem nunca foi não sabe, não soube e nunca saberá mais que eu.
Para mim, certos assuntos, só valem mensagens diretas. Muleque de recado é carapuça que querem colocar o tempo todo.
Francisco Braz Neto (02/04/2019)

terça-feira, 26 de março de 2019

Intensssssidade...

A idade é.
A idade foi.
Talvez será.
Intensa compensa.

O dia foi e compôs a idade.
O dia passou a idade mudou.
O que aconteceu com a intensa?

Intensa pretensão
Imensa emoção
Infinita devoção
Senso de sensibilidade
Intensidade é opção?

Sete bilhões são ... intensos?
De pensamentos
Sete bilhões são ... momentos?
De acontecimentos
Controlados são ... nossa ilusão?
Descontrolados então
Imensidão

A intensa Idade
É a presente!
A intensa Dor
É a presente!
A intensa Felicidade
É a presente!
Embrulha então.
Põe laço
Enfeita e fita
Com fita faz enfeite
Presenteia a Idade
A Idade de uma vida intensa
Uma vida de intensa Intensidade.


Francisco Braz Neto(26/03/2019)


terça-feira, 19 de março de 2019

Eu, consultor imobiliário.


Às 5h.
Às 7h20.
Depois uma sequência de horas.
E eu vendo sonhos.
E eu vendendo sonhos.
E eu irei vender sonhos.
A casa, o apartamento, o terreno, o sítio, a fazenda, a chácara e por aí vai.
E pode ser novo, pode ser usado, de luxo ou minha casa minha vida o que não pode é se desmanchar.
Pode ser sonho que dura, sonho concreto, telha, gesso, porta, mobília, balcão e o sem fim que é uma casa virando um lar.
Tem sonho de R$120.000,00 e tem sonho de R$3.000.000,00. Tem sonho que é para esse ano e sonhos para depois.
E tem realizações. Essa parte alegre e festiva que emociona cada um de nós de uma forma única. O imóvel de uma vida ou só mais um na lista.
Em ambos os casos conquista.

Francisco Braz Neto (19/03/2019)

Quer uma consultoria imobiliária?
(081) 9 8208-7270

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Vivo para contar

A última braçada antes da borda.
A última antes de desistir.
Antes de chegar em terra firme.
Só vai contar quem estiver vivo.
Mesmo que não conte é quem pode.
Quem desistiu, não.
Quem não conseguiu, não.
Mereceria, melhor seria, mundo mudaria, ...
Quem saberia?
Quem saberá?

A última ficha antes.
Antes do sucesso.
Quantas foram?
Só contou quem sucesso foi.
Antes daquele dia
Que separaria
Antes e depois.

Vivo para contar.
Dia após dia.
Do dia anterior
Àquele que mudou
Por comparação
Que mais um dia era preciso
Antes que o paraíso
Estendesse a mão.

Uma passada a mais.
Um passo.
Um segundo.
Chance.
Uma.
Una.
Única.
Sabendo que nunca se sabe qual.
Sabendo que nunca se adivinha quando.
Sabendo que nunca é repetitivo junto da palavra desistir.

E você desiste?
A sabedoria é saber quando desistir.
De quem?
De si mesmo?
Nunca!
De quem se ama?
Nunca!
Bonito escrever assim.
E quem não sabe de quem já desistiu de si?
E quem não sabe de alguém que desistiu de quem ama?
Quando a dúvida e a certeza estão em uma batalha mortal.
E aí quem vence?
Quem descobre que mais um passo basta para atravessar o deserto?
Mais um dia para o sucesso?
Mais uma tentativa para acertar o alvo?
Mais uma palavra para o perdão?
Um segundo para a respiração?
O batimento do coração.
Pulso.
V
i
v
o
p
a
r
a
c
o
n
t
a
r
Uma estória bem bonita.
Que vivos contam.
Vencedores contam.
Do fundo do mar não conseguem ouvir.
Das dunas do deserto entre abutres que despedaçam a carcaça não conseguem ouvir.
Da criança desfalecida nas praias do Mediterrâneo não sai uma palavra.
Por isso, por aquilo, por muito, por muito menos e por muito mais: vivo para contar.

Francisco Braz Neto(22/01/2019)













terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Alucinações

Tive a impressão que ouvia.
Batidas na porta.
Todo dia.
Era alucinação.
Pensar que viria
Quem disse: não.

Tive a impressão visual.
Que ao meu lado estava.
Que pra sempre ficava.
Mesmo no temporal.
Era alucinação.
Eu tomei um remédio.
Me lembrei de um provérbio.
Sentei-me no chão.

Tive a alucinação mais direta.
Pensei que a pele macia
Sobre a minha fazia
Um carinho, uma festa.
Estava alucinado
Pensei que ao seu lado
Caminhava o poeta.
Mas ao jogar o dado
Na roleta da vida
Era só bater meta.

Foi o tato, audição
Visão bem iludida
E aí vem o cheiro
O maior desespero!
Miragem e perdição.

No paladar
Fico sabendo
A loucura completa
Alucinado eu sigo correndo
Sentido que ninguém acerta.
Achei que seria todo dia.
A alucinação que me resta.

Francisco Braz Neto(15/01/2019)






Segura

Mãos, duas, aguenta mais um pouco.
Peso líquido.
Peso drenado.
Sólido.
Pesado.
Na corda.
Acima do precipício.
Uma mão soltou.

Uma mão.
Não está mais inteira.
As duas, dez dedos.
Da última nem cinco restam.
Peso.
Da vida, da idade, das ilusões, das dez
Desilusões
Da culpa, do ciúme, do remorso, dos erros, De um
Um erro
Maior e mais pesado
Segurado.

Seguro.
Com toda a insegurança dos dedos restantes
Seguro na corda.
A corda que já fora forte e inteira.
Já foram plural.
Seis cordas.
Quem as tem só chora se quiser
Quem as teve só chorava se quisesse.
Partiram-se.
Uma, duas, ...
Resta uma linha
Tênue
Uma pauta
Escrevo.
Peso o peso
Aberto e fechado
O som.
Quem entende?
Quem entenderá?

Seguro o fechado
O peso da incompreensão
De mão dupla
Colisão frontal
Perda total
E um dedo
Heroicamente segura nos últimos segundos
Peso da entrega
Do desespero
Da desesperança
Do medo
Da responsabilidade
Da resposta
Da escolha
Da falta
Do desconhecido.

Poderia ser uma viagem.
Percurso na horizontal.
Mas veio a queda
O salto
O deslize
Os deslizes
Restou segurar na corda
Fingir tranquilidade
Assumir a maldade
Preparar para o fim
O percurso é vertical
Radical
Também será fatal

Pesado

Peso de novo
Peso da voz
Dos silêncios
Da mão que afaga e apedreja
Da boca que beija
Da falha
Da ausência
Da presença
Da hora
Erradaaaaaaa............
.......
.....
.
.
.
Foi o último?
O último dedo?
Suspiro
Francisco Braz Neto(15/01/2019)









segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Acharam que era humano

Fizeram um ser humano.
Relação.
Sexo.
Parto.
Dor do parto.
Volta.
Acharam que era humano.
Até agora não sabem.
Um robô defeituoso.
A placa está queimada.
Quase foi desligado algumas vezes.
Reiniciaram.
Deu para colocar para funcionar novamente.

Fizeram o que parecia ser.
Humano em certo ponto.
Em momentos certos.
Era extra.
Extravagante!
Exageradamente exagerado.
Extra terrestre.
Quase foi para a galáxia de origem.
Algumas vezes, quase foi.
Gravidade nao deixou.
Algo manteve o extra aqui.
Deram remédios para manter o ar compatível, a aparência correta e providenciaram tudo mais para não ficar mais evidente que não se trata de um ser. Se trata de um viajante.
Acharam que humano seria. Que permaneceria até o fim.

Fez-se humano.
Pediu para nascer.
Pediu e controlou cada passo.
Controle do bater das asas de uma borboleta ao funcionamento de cada galáxia, de cada próton e fóton.
Sem espaço para culpar e todo o espaço para a culpa.
Pois pensaram e pensariam que era humano.
Até quando estranhamente, de tanto praticar humanices e humanidades, cai.
Até que de tanto praticar sentir, exagera e perde o controle.
Sente mais. Demais!
Achou-se humano quando não lembrava mais quem era, o que era e pra quem era.

Acharam que era um brinquedo e depois da fábula virava criança.
Pensou que virou.
Pensaram que virou.
Quebraram o brinquedo.
Usaram quebrado mesmo.
Remendaram.
Usaram remendado mesmo.
E dava até para enganar e se passar por humano.
Uma inteligência artificial, um acabamento do século XX, atualizações periódicas, custo elevado, autonomia de várias décadas e auto carregável.

A insistência é humano ser.
Mas precisa de reparos.
Certeza de máquina.
Precisa de disfarces.
Certeza de extra terrestre.
Precisa de mágica.
Certeza de brinquedo.
Precisa parar de quebrar.
Certeza de achar.
Achar cada pedaço e colar com mágica, ferramentas e remédios.

Francisco Braz Neto(14/01/2019)










O Amarelo em Setembro

Se sabes o quanto, como decides o que fazer?
Se sabes o tanto, o que decides dizer?
O amarelo do fogo um manto.
Quem é que escolhe sofrer?

Ombro para que te quero ombro.
Quem é que vai proteger?
Dizer que não sabe, ocultando.
O que em tudo pode se ver.

Quando setembro chegar
Só lá que vamos resolver
Nos outros a gente combina
É tudo questão de querer
Remédio é fácil e cura
Não venha me aborrecer.
Felicidade, pra mim, é agora.
Depois a gente vai ver.
Se sabes, então ignora.
Dói, continua a doer.
O que diria quem se foi?
Por eles, eu vou responder.
Atrevimento com culpa.
Nada, por eles, pude fazer.

Queimadura. Ardor. Ferro em brasa. Brasa pura. Na pele. Na imaginação de como seria. Nó na garganta como uma pedra grande e disforme. Dor mental, confusão, temor, dúvidas, frenesi de pensamentos, pavor, vergonha, dor de cabeça, enxaqueca, dor de vergonha por sentir o que se sente. Dor por causar dor em quem ama. Dor por ser um peso para os que ama. Dor sem explicação. Doi e pronto. Sem dizer porque nem pra que.
Mas quem fica o que faz?
Faz se sabe? Não faz justamente por saber? Cada um no seu quadrado, é isso?
Quando setembro chegar, saudade já não mata a gente. A gente ri, a gente chora. Escuta uma música do Geraldo. Visita alguém quando um certo alguém desperta o sentimento. Nos vestimos de amarelo e tudo bem. Tem dia e hora para acabar.
Tem mês certo.
O que decidi fazer? Fui ombro e ouvidos. Fui pouco? Fui o que pude ser.
O que sei? Sei um tanto e um quanto.
Da brasa ao nó, da mente à dor.

Sei que quero o amarelo de setembro em setembro e quero o verde simbolizando a esperança.
Não quero é esperar nenhum segundo pelo vermelho sendo o sangue ou preto sendo o luto. Não importando o mês, o dia nem a hora. Deixo o outubro Rosa ser Rosa e o novembro Azul ser Azul. Tudo que é importante é importante o tempo todo.

Francisco Braz Neto(14/01/2019)



























Um dia emocionalmente emocional.

Perto do dia está.
Mais um dia passou. Foram vinte e quatro horas. De novo. Quando chegar eu vou ver o que vai acontecer. Mas pode ser que eu não chegue até lá. E só lamento pelo que não vou mais dizer. Lamento o cansaço e a impaciência. O que tinha que ser dito já foi dito. Dizer mais é inútil para quem não quer entender.

Lembro de alguns e estou esquecido e esquecendo da maioria. Estou generalizando. Celebrei, lamentei, molhei e li. Vai chegando perto do dia e tenho medo. Estou molhando os dias. A agenda está abandonada. Ela é de papel e não aguentaria água.

Presentes. Quem? Quando? No dia. Em um único 41 dias que não se passa inteiro com quem é o do dia. Quando e se o 41 acontecer quem e quando estará?
Presentes. Não. O que sempre quis não dura um dia. Trezentos e sessenta e quatro contra um só super heróis e olhe lá. Luta injusta.
O relógio não liga para isso.
Perto fica e depois fica longe. A questão não é esta, a questão é esperar um dia para ser mais. Esperar um dia para deixar de ser menos.
Não é para o mundo é para o mundo individual. Aquele pequeno universo particular. Núcleo.

Ela olha para mim e espera sorrisos e que eu brinque. Eu décadas e ela uma. Eu fugi algumas vezes. Aquela escapada para molhar células diferentes. Uma água que passa por canais estudados pela biologia.
De onde tiro forças?
Tática, técnica de sobrevivência, corte o que se passa por dentro do que os outros conseguem ver fora.
Use os antônimos, os opostos e a mente.
Tristeza feliz.
Tristeza dentro, felicidade fora.
Grito sereno.
Grito por dentro, serenidade por fora.
Amor insensível.
Amor por dentro, insensibilidade por fora.
Fragilidade forte.
Destruição por dentro, invencível por fora.
Lágrima seca
Inundação por dentro e seco por fora.

De que adianta?
Está tudo escrito aqui!
Verdade. Acontece que aqui é página de livro esquecido em um quarto escuro, sujo, bagunçado, de uma casa abandonada e assombrada. Só vem até aqui quem quer muito. Espero que não seja o caso de mais ninguém.
Alguns minutos se passaram. Está mais perto do dia. Perti das velas. Palmas. Até lá muitas lágrimas estão aparecendo na previsão emocional.
E por fora terá que ser diferente do que está por dentro.

Francisco Braz Neto (14/01/2019)


















Do livro que você não lê

Do alto.
Da auto.
Biografia.
Das coisas que aprendi nos livros.
Como.
Eu te disse, dia apos dia, um livro.
Imenso! Por causa das infinitas coisas que bio em 24 horas.

Eu homem, que falo do que fiz e falo do que nunca farei como se fosse livro falante. Vou sendo livro aberto de estórias avulsas, únicas e que colocando mais adjetivos não garantirão serem lidas.
Sou mais um livro leitor e com páginas em branco, prontas para serem preenchidas com autobiografias alheias.
Bios que eu vou passando por elas e elas por mim.
Um livro em constante mudança. Novas páginas, novos capítulos, novas gravuras e em novas plataformas.
Livro com leitores desconhecidos e que eventualmente se revelam. Ao se revelarem escrevem palavras, parágrafos, paginas e talvez até capitulos inteiros do livro.

Livre e com data para acabar desconhecida pelo autor. Obra de tijolos metafóricos concretamente utilizados para lembranças sólidas. Lembranças de papel, de bits e bytes, de mente, do que a mente guarda e do que a mente gostaria de guardar.
Livro, o rosto, as maos, os membros, grande parte dos órgãos, para no final não adiantar de nada. Livro, livro, livro e não livro o coração. Nem a mente!
E não há nada que atormente mais que uma mente atormentada.

Mente livro de um Livro que não mente. O Livro que você não lê. Não tem capa sedutora, não é best seller, a edição é única e fica. Vai, vem, sobe, desce, acompanha o café, o almoço e o jantar. Livro faz tudo de tudo. Precisa de revisão gráfica, ortográfica, uma repaginada, uma dedicatória e dedicação. Vai receber caixão.
Do livro que você não lê, quantos anos de solidão?
Cem, o título de outro livro.
Imortal é a ilusão.
Humanas efemeridades.
Confirma, se nunca extinção.
Essa parte agora termina.
O Sol brilha e ilumina.
Dentro, só escuridão.
Livro fechado é cortina.
Protege as estórias do dono.
Ainda dói, coração.

Francisco Braz Neto (14/01/2019)













quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Eu amo cantar

Eu amo cantar
E nem posso
Falta
Faz falta

Eu amo cantar como se ama
Daquele jeito mesmo
Bem assim
E só pude cantar quando frio
Por vezes canto quando infantil
Infantil e pueril
Dessa forma ainda dá
Pois quando tento da forma que gosto
Falta
Faz falta

Eu amo cantar como sempre amei
Insisto e tento outra vez
Aí falta o ar
Falta a voz
A voz embarga
E sem maquiagem, sem máscara, sem palco e sem platéia
Canto
Sem encanto
Pranto
Planto a semente e acalanto
Mesmo assim
Falta
Lenço
Toalha
Para enxugar
Tanta correnteza
Nem estanco
Falta
Faz falta

Eu amo ouvir
Amo como sempre amei
E daí nó
No gogó
Toalha vermelha
Lenço vermelho
Pele vermelha
Tudo vermelho
Paredes, roupas, sapatos e mais
Confundir o mundo com o sangue
Meu sangue querendo sair em forma
De lágrimas
Falta
Faz falta

Eu amo
Cantar faz parte
No banheiro
Mais uma vez escondido
Enquanto sangue dentro
Água fora
Eu amo
E enquanto chuva
As lágrimas ganham companhia
Enquanto chuveiro
As lágrimas passam
Invisíveis
Falta
Faz falta

Eu amo cantar
Não posso
Amar
Prescrição
Médica
Auto medicação
Não posso
Cantar
Desafino
Isso em mim provoca imensa
Dor
Deveras sinto
Perdido no labirinto
Sem mapa certo
Falta
Faz falta
Penalidade
Punição
Eu amo cantar
Não posso
Falta
Voz
Tempo
Ritmo
Passo
Compasso
Ar
Faz muita falta.

Francisco Braz Neto(09/01/2019)























Mineração

Enterrado.
Há quantos mil milênios?
Há ou não há?
Em qual profundidade?
Tá valendo quanto?
É petróleo?
Ouro?
Diamante?
Platina?

Enterrado em terra, preso em rocha, seguro e ...
Por quanto tempo?
Fincado em coração?
E até lá vai broca.
Águas profundas e depois muito mais profundo poço.
Vai broca!
Se valer a pena.
Se vale a pena.
Se valesse a pena.
Serena, amena, plena, poema ...

O valioso valia quando o valor era válido.
Valeu enquanto valoroso brio valera.
Outrora enterrado e sem valor conhecido.
Achado, ao ápice é movido.
Lapidação, destilação, trituração
Etapas, processos, desgaste
Muito será removido
Enfeite, queima, moldado
Há chances de lixo ser tido
E como se chega lá?
Chega broca?
Diz!
Chega com golpes de picareta?
Usando explosivos?
Preferes marreta?
Segue.
Bem desprotegido.

Mineração
Faz a confissão!
Foi fácil.
Foi fácil?
Foi?
Estava na palma da mão o tempo todo.
Por isso que...
Vale?
Não vale?
Foi mal.
Nem tapinha nem costas.
Só quando é difícil.
Só quando broca.
Sem bronca.
Só vale fundo e profundo
Desde que nunca atinga a fossa.
Nunca fosso.
Por mais que lapidado
Jogando fora o esboço
Tudo parte do todo
Cascalho, gases, esgoto
Valer depende de gosto
A joia, a pedra marcada
Jogada voltando a ser nada
Achada, incerto esforço
Valer ao menos carinho
Um beijo na boca do moço
Minera dia após dia
Velho querendo alvoroço
Esquece o mapa da mina
A mina menina é osso
Dura enterra a saída
E o fim, castiga de novo.

Francisco Braz Neto(09/01/2019)





 




Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.