terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Segura

Mãos, duas, aguenta mais um pouco.
Peso líquido.
Peso drenado.
Sólido.
Pesado.
Na corda.
Acima do precipício.
Uma mão soltou.

Uma mão.
Não está mais inteira.
As duas, dez dedos.
Da última nem cinco restam.
Peso.
Da vida, da idade, das ilusões, das dez
Desilusões
Da culpa, do ciúme, do remorso, dos erros, De um
Um erro
Maior e mais pesado
Segurado.

Seguro.
Com toda a insegurança dos dedos restantes
Seguro na corda.
A corda que já fora forte e inteira.
Já foram plural.
Seis cordas.
Quem as tem só chora se quiser
Quem as teve só chorava se quisesse.
Partiram-se.
Uma, duas, ...
Resta uma linha
Tênue
Uma pauta
Escrevo.
Peso o peso
Aberto e fechado
O som.
Quem entende?
Quem entenderá?

Seguro o fechado
O peso da incompreensão
De mão dupla
Colisão frontal
Perda total
E um dedo
Heroicamente segura nos últimos segundos
Peso da entrega
Do desespero
Da desesperança
Do medo
Da responsabilidade
Da resposta
Da escolha
Da falta
Do desconhecido.

Poderia ser uma viagem.
Percurso na horizontal.
Mas veio a queda
O salto
O deslize
Os deslizes
Restou segurar na corda
Fingir tranquilidade
Assumir a maldade
Preparar para o fim
O percurso é vertical
Radical
Também será fatal

Pesado

Peso de novo
Peso da voz
Dos silêncios
Da mão que afaga e apedreja
Da boca que beija
Da falha
Da ausência
Da presença
Da hora
Erradaaaaaaa............
.......
.....
.
.
.
Foi o último?
O último dedo?
Suspiro
Francisco Braz Neto(15/01/2019)









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.