Hoje
Agora
Papel, caneta
Teclado, tela
Neurônio e ela
Lembrar sem ela
Sem a licença
Sem a foto
Pois foi hoje
Justamente hoje
Sem ela
Sem cerimônia
A lembrança
A reflexão
Cadê a foto?
Cadê as fotos?
Luz, câmera, ação!
Se vem sem licença
Embora não vão
Com ordem do dono
Perduram então
O tempo que querem
Ficar sem perdão
De fome se mata
Após o cordão
Nascido e faminto
Mamar emoção
Mama esquerda
Mama direita
Mama direito
Mama errado
Alimentado
Inocente e culpado
O álbum, as fotos
Tudo documentado
Quero lembrar de propósito
O dia sorriso banguelo
Quero olhos congelados
Na foto revelada e amarela
Por tempo que cabia em braços
Por dias em branca aquarela
Me conta quem fui muito antes
Do tempo que conheci ela
Lembrança de quando nem ando
Nem falo, nem corro, nem trela
A quem souber me responda
Lembrança é amiga dela?
Da vida que se sabe por outros
Das cores pintadas por elas.
Francisco Braz Neto (14/07/2019)