sábado, 30 de novembro de 2019

Demais do mais do mesmo

De tudo que há
Há mais
De tudo que se vive
Há mais
Muito mais
Há demais

Do tudo que há
Há o mesmo
De novo
Novamente
Bem mais!

Quando vai parar?
Não sei mais.
Há mas, há porém e há do mesmo.
Até um fim
Dois fins
E um final.

Quando não suporta mais
E quica.
Vai quicando...
E a mais recente é a mais.
Dolorida.
Dolorosa.

As queimaduras de infância, cicatriz.
Cortes da adolescência, repeti.
O adulto achou pouco, insisti.
E sempre vem mais.
Vem demais do mais do mesmo.

E o mais recente parece doer mais.
O mais recente dói muito mais por comparação.
O que doeu há anos hoje não tanto quanto o que está em cartaz.
Essa sessão das 20h o filme me traz
A queimadura por fora
O corte que sangra e banha quintais.
O banho que consome e suja
Do mesmo sangue de antes
É sangue, é sangue demais.

Francisco Braz Neto (30/11/2019)



domingo, 24 de novembro de 2019

E eu não nasci há tanto tempo atrás!

Eu nasci há tempo.
Há tanto tempo eu nasci.
Vi começo, meio e fim.
Vi, vim e venci.
Vi perder, achar e cair.
Nem a tanto tempo assim.

Eu vi construir e demolir.
Ouvi dizer e não cumprir.
Há tempo que não há o que sorrir.
Se vou conseguir ver mais quem irá mentir?
E há pouco tempo atrás foi que outro tanto vi.

Olhei pro infinito e ele todo foi sorrir.
Feito de infinitos muitos
Um frente, um trás e os demais
Quer se descobrir.
Tribo, grupo, bando
Vila, burgo, Parir
Um s no r a cidade
O r ficando humanidade
Cresce, cresce a expandir.
E eu nem nasci há tanto tempo atrás!
Já vi, ouvi e aprendi.

Amigos melhores um dia
Um dia e tudo mudou
Mudar é a mais constante rotina
A amizade nem aguentou
Impérios, monumentos, castelos
Quem viu um que desmoronou?
A efêmera existência de um
Mudanças, mudanças, alterou
Amigos, casas, amores
E quantas nem observou?
Não tinha e tem smartphone
Quem vai ter o que nunca faltou?
Se nem muito tempo vivo ia.
Se quem foi nunca voltou.
Em uma única chance.
Quanta coisa acabou?
O belo da vida gangorra.
Começa, meia e findou.
Eu vi há tempos como era.
E vejo como ficou.
Quantas mais primaveras?
Tempestades de mudanças alcançou.
Na mente a lista não finda
De tudo que novo chegou.
O medo é que isso acabe
Com o abraço que já começou.
Humano há tempo demais
É frase que nunca rimou.

Francisco Braz Neto (24/11/2019)






















sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Decoração textual


Me livra
Me livro
Me escreve
Me pinta
Me enquadra
Me flagra

Já inexisti
Fui tentativa
Cunhado
No papiro
Pergaminho
Em colunas
Em paredes
De templos
De castelos
Até que de inexistir eu existi
E o tempo passou
E de tantos lugares
Só livro!

Liberdade!
Eu imploro!
Por que só livro?
Me livro e também me livra.
Me parede
Me teto, me piso, me porta
Me coluna, me espelha
Me projeta, me exporta
Me olha, me fita, me lê
A forma, o conteúdo e o você
Me lendo na estação do metrô
Saí da tela do computador
E fui falar de um tudo
Falei até de amor

Me livro
Me livra
E logo converso contigo
Naquele dia feliz
Você sorrindo me diz
Que bom que estou ali
E livra logo de vez
Me livra da forma estanque
Não quero só como antes
Me põe em forma digital
Em cores e luzes de LED
Me põe na nova versão
A nova tecnologia
Vai valorizar o refrão

Entende que livre é melhor
Assim não fico só livro
Volto a ser livre
E você me lê
Assim você me decora
E eu decoro o quarto
E você me lê
Enquanto eu decoro a estação
Decoro até uma garrafa
E quando você me notar
Em qual lugar devo estar?
Onde podes me encontrar?
Serei sua tatuagem
Decoro a pele selvagem
Virgem de mim na lembrança
Ir além é a esperança 
Além do livro quintal
Decoro tudo que penso
Entenda o propósito afinal
Decoração textual
É mais uma beleza no mundo
Carente desse profundo
Do leve e ornamental

De
Coração
Textual
Em mim projetada
De dentro pra fora é projeto
De fora pra pele é cinema
Me testa o texto na roupa
Me bota na toalha e na louça
Na nave, no barco, no trem
Me livra
Me livro
Me brinca
Eu vou decorar o além
De
Coração
Textual
Pulsando
até 
o final. 

Francisco Braz Neto(08/11/2019) 

 








Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.