domingo, 8 de maio de 2022

Coração lagarta.

Meu tempo errado.

Há mais de 3000 anos. 

É só um número. 

Há mais. São os próximos 3 milhões de anos.  Se não nos matarmos uns aos outros. 

E as relações são livres. São líquidas. Liquidadas. 

Alfa! Conforto. Bom pra mim.

Tempo errado. 

Coração errado. Coração briga com a mente. Mente mente cinicamente para si mesma e para tudo que aparece na frente. 

Verdades são inimigas. 

Mente. Mentiras são doces e macias. São de seda, algodão doce, cetim e fofas. 

Verdades são espinhos e sangue. 

A verdade é um querer raro. Quero exclusividade. Quero eternidade de uma vida. 

Derrota. 

Quero o que ofereci. Que sinceridade é essa?

Quero ser receptor. Que mal há?

Vai recusando. 

Recusa alguém te amando. 

Recusa alguém pensando em ti 24h por dia, só quando essa pessoa respira.

Eu aceito. 

Com aliança. 

Sim! No altar da vida!

Recusa alguém que o coração acelera ao te ver. 

Recusa alguém que a temperatura do corpo aumenta só de te ver.

Vai recusando essas besteiras. 

Eu aceito. É só isso que quebra pedra. 

Coração volta pro casulo. Vamos ser lagarta que ser borboleta não deu certo. 


Vai recusando. 

Recusa carinho. Recusa música sussurrada no ouvido com a letra dizendo pra você nunca esquecer o nós e que se estiver difícil de lembrar use uma fotografia. 

Eu aceito. 

Que de tanto amar se veja as camadas rochosas sendo destroçadas. Dessa vez de fora pra dentro. 

A última quebra das paredes de pedra foi de dentro pra fora e o casulo seguro foi abandonado por uma mariposa sem asas. 

O risco foi a possibilidade da queda. E ela veio. 

Eu aceito. 

Não sei se há tempo. 

Como achar algo tão raro?


Agora não dá mais. Aprende a lição. Século XXI e o ego é o que impera. Não há espaço para tamanha entrega. 

Só Mães podem fazer isso. Só Pais podem algo infinito. 

Homem não.  Mulher não. 

Coração volta para o casulo de pedra e aumenta algumas camadas. 

Coração lagarta, está ciente que sua cabeça foi desintegrada na última queda?

Cabeça do coração. 

Coração sem cabeça. Coração deficiente. Coração ineficiente. 

Uma lagarta. 

Ah Coração! Eu te tenho e não te troco. 

Vem cá. Você tem lugar cativo nesse peito casulo petrificado. 

Relaxa! Diamantes são pedras. Entende?

Se consola e te consolo. 


Vai negando. 

Eu aceito. 

Aceito alguém chorando de tanto me amar. Como vou acreditar em algo assim? Alguém me amar e amar me amar.

Que louco isso!

Eu aceito sim. 

Alguém com ciúmes de mim. 

Com medo de me perder. E se achando em mim. 

Sou. Serei? Um rumo. Um mapa. 

E lembrar de mim vai fazer brotar um sorriso tão grande que vão pensar que ela está louca. 

No outro dia ela pensa em mim e vem um choro de saudade que queima todo o corpo dela e ela pensa que está viva, vivendo e antes de mim era sobrevida.

Quem conhece esse choro?

Quem conhece essa sensação? 

Sensação de que tudo valeu à pena. 

Sentir o riso chorado. Sentir o choro sorrindo como das sensações mais deliciosas que um ser humano pode sentir. 

Sabe como é?

Sinto muito por todos que não sabem.

Eu?

Sim. Aceito.  

Já chorei sorrindo. Já sorri chorando de tanta emoção. De Amor!

É indescritível! Inefável! Indizível!

Agora a lagarta vai fechar o casulo petreo. 

Tem que ser um Amor cuidadoso, carinhoso, protetor e forte. 

O casulo fechou e acrescentou mais camadas. 


Quem conseguir quebrar será merecedora. Que ao receber a recompensa a lagarta saiba como. 

Após muito tempo sem praticar a emoção pode enferrujar. 

Após muito tempo sem metamorfosear a lagarta pode desaprender a mergulhar. 


Francisco Braz Neto (08/05/2022) 





Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.