terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Vivo para contar

A última braçada antes da borda.
A última antes de desistir.
Antes de chegar em terra firme.
Só vai contar quem estiver vivo.
Mesmo que não conte é quem pode.
Quem desistiu, não.
Quem não conseguiu, não.
Mereceria, melhor seria, mundo mudaria, ...
Quem saberia?
Quem saberá?

A última ficha antes.
Antes do sucesso.
Quantas foram?
Só contou quem sucesso foi.
Antes daquele dia
Que separaria
Antes e depois.

Vivo para contar.
Dia após dia.
Do dia anterior
Àquele que mudou
Por comparação
Que mais um dia era preciso
Antes que o paraíso
Estendesse a mão.

Uma passada a mais.
Um passo.
Um segundo.
Chance.
Uma.
Una.
Única.
Sabendo que nunca se sabe qual.
Sabendo que nunca se adivinha quando.
Sabendo que nunca é repetitivo junto da palavra desistir.

E você desiste?
A sabedoria é saber quando desistir.
De quem?
De si mesmo?
Nunca!
De quem se ama?
Nunca!
Bonito escrever assim.
E quem não sabe de quem já desistiu de si?
E quem não sabe de alguém que desistiu de quem ama?
Quando a dúvida e a certeza estão em uma batalha mortal.
E aí quem vence?
Quem descobre que mais um passo basta para atravessar o deserto?
Mais um dia para o sucesso?
Mais uma tentativa para acertar o alvo?
Mais uma palavra para o perdão?
Um segundo para a respiração?
O batimento do coração.
Pulso.
V
i
v
o
p
a
r
a
c
o
n
t
a
r
Uma estória bem bonita.
Que vivos contam.
Vencedores contam.
Do fundo do mar não conseguem ouvir.
Das dunas do deserto entre abutres que despedaçam a carcaça não conseguem ouvir.
Da criança desfalecida nas praias do Mediterrâneo não sai uma palavra.
Por isso, por aquilo, por muito, por muito menos e por muito mais: vivo para contar.

Francisco Braz Neto(22/01/2019)













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Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.