terça-feira, 24 de setembro de 2019

Rua fria

Na rua faz frio.
Eu sei como pisar no coração de um ser humano.
Já fui humano eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são sempre os outros.

Na rua faz frio eu sei.
Eu sei como pisar sem fazer barulho.
Já fiz barulho eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são sempre os outros.

Para pisar no coração de um ser humano existência no ato.
Um pavoroso compasso.
Para pisar no coração de um ser humano ponta e bico de aço.
A lança na costela eu passo.

A rua é fria a noite.
Até onde de dia é quente.
A rua é fria eu sei.
A rua é fria eu sei.
Para pisar na rua fria uma vítima, um falso.
Um paralelo eu traço.
Eu já pisei eu sei.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são os outros.

A rua se anuncia.
De dia quente de noite fria.
O banho é chuva.
A chuva é o banho, a bebida e o disfarce.
Com o que nela não faz contraste.
Rua fria e eu sabia.
Acaba logo, agonia!
Eu sei ou sabia?
Talvez eu saiba.
Quem julga são os outros.

A rua é rua, rua avenida, rua viela, rua fechada e fria.
Lar e céu.
Como está o céu hoje?
Olha lá! Vai!
Estrelado?
Está chovendo?
Está nevando?
Consegue ver a lua?
Eu sei como pisar no coração de um ser humano.
Já fui humano eu sei.
Já fui humano eu sei.
Para pisar no coração de um ser humano deixe ele para depois.
Coma seu Baião de dois e deixe ele pensar que vale menos que arroz.
Talvez eu saiba.
Quem sabe são os outros.

A rua é fria.
Rua fria.
Vazia.
Sons.
Luzes.
Esconde.
Escondeu.
Escondia.
Um louco que dançava uma música que os outros não ouviam.
E assim a humanidade ... ia.
Calendário vigente do planeta sem guia.
A rua fria abraça.
Dela não terás alforria.
Agora anda até esgotar tuas forças.
Pisar em corações de humanos jamais te dará alegria.
Já fui humano eu sei.
Já fui humano um dia.
A rua foi quente e estava cheia.
E hoje fria, fria, vazia.

Francisco Braz Neto (24/09/2019)









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Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.