segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Palhaço por um palhaço

Admiro.
Quem?
Admiro o palhaço.
Ator de uma estirpe suprema
Faz verso e poema
Entra no esquema
Deixando rica a cena
Para sorrisos plantar

Palhaço de cara pintada
Também os de cara lavada
Que gente desconfiada
Insiste em lhes maltratar
Dia e hora marcada
Espetáculo vai anunciar

Que poder tem sua maquiagem?
Escorrega de mentira
Leva tapa
Finge briga
Entra em canhão
Chute no traseiro
Tudo ali no picadeiro
E nem cor de dinheiro
Protege seu coração.

Que poder tem sua mente?
No dia que perdestes tua mãe
Fostes tu fazer sorrir
A multidão a aplaudir
E você sem poder desistir
Pois até para ti
É tudo ao mesmo tempo.

Prepara tudo
Prepara o velório
Paga a funerária
Prepara tudo
Vivencia tudo
Teu luto tem hora para acabar
O espetáculo é às 16h e o outro às 18h
O enterro precisa ser rápido.
Tua mãe ensinou que o público não pode esperar
Que o circo não pode acabar
E você, palhaço, segue a risca o que sua mãe ensinou.

Palhaço!
És mais forte que todos os super heróis juntos.
O super homem não aguentou perder a namorada
Você vence vilões todos os dias
O coração deve amar como outro qualquer
Mas vai quebrado fazer sorrir
Vai lá sem deixar a peteca cair
Vai, apenas vai
Quando você tropeça
Risos
Quando você cai
Risos
Quando erra
Risos
Quando apanha
Advinha... risos e mais risos
Palhaço, palhaço, palhaço!!!
Ai, ai, ai...!!! Você me causou uma reflexão estranha.
Gente fica feliz quando vê gente triste, é isso?
Nem precisou ler livros, fazer universidade, só precisou do:
Professor palhaço e do palhaço professor

Palhaço!
Se plantas e colhes sorrisos não seria tua vida só de alegrias?
Aquela sua foto sorrindo era só maquiagem?
Era tudo junto
Ali sorriso casca
Ali sorriso filha
Ali sorriso fio de esperança
Ali dor
Ali sorriso pausa
Ali sorriso abraça
Ali de ti lembrou
Em tantos momentos disfarça
Ali algo faltou

O espetáculo diário se anuncia
Agora o relógio avisa
Ferve a água, arruma a pia
Banho tomado, café bebido
Todo santo dia
Com ou sem maquiagem
Ouvi uma melodia
E essa de borrar maquiagem
Só quando a noite escondia

De voz embargada conversas
Com sombras de ideias confusas
Palhaço vai logo, trabalha!
O boleto não tem empatia
Conta, conta estória
Trapalhão fez tua alegria
Passado de criança palhaça
Tão séria!
Não se permitia
Na fila do banco é homem
Na outra ninguém desconfia
É homem e sofre calado
Agora as luzes se apagam
Ninguém mais aplaudia
Teu rumo está sempre incerto
Inseguro na corda, tremia
Bamba
A corda e a vida
Nela todo dia subia
Na vida acorda de novo
Errando e abusando dela
Quem sabe ela me demitia?
Ensaia teu melhor sorriso
Hoje não tem terapia
A vida deu tapa nas costas
Vai casca, lembranças, agonia
Assim que alguém te olhar
De ti vai ter alegria.

Francisco Braz Neto(12/11/2018)

































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Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.