domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sábado de futebol ou de tiroteio?

Adolescente brasileiro baleado ontem. 
Só queria ver o jogo do time do coração. 
Veio uma bala e deixou o jovem no chão. 

Virou número? Decida!
O bairro dos Aflitos não precisa justificar o nome. Não é necessário, nem oportuno e muito menos adequado um trocadilho.
Quando 2013 acabar os vivos vão contar quantos mortos se foram ao longo do ano.
O Brasil tem problemas. Qualquer lugar os tem. A quantidade de problemas que temos aqui vive levando de cada um de nós pessoas amadas. E daí? O ser humano é adaptável, certo? A gente se acostuma com tudo, não é?
O jogo entre Náutico e Central era para ser apenas mais um e conseguiu. 
Apenas mais um em que a violência esteve presente.
Apenas mais um no qual perguntas vão ficar sem respostas honestas. Mais um jogo em que o saldo é negativo.



Estamos em 2013 e o que mudou? Muita coisa. Poucas coisas mudaram. Nada mudou. Três respostas distintas e igualmente corretas. Vai dar trabalho apenas ter de separar o que ou quem se enquadra em cada uma das respostas. 
O que vai até o momento para o grupo do nada mudou é a violência no Brasil. Em Santa Catarina a Força de Segurança foi enviada e um toque de recolher estava instaurado.
Em São Paulo, o: bandido mata policial e policial mata bandido, está num eterno vai e vem.  


O ano passado foi assim. Um tal de milhares morrendo por acidentes em veículos automotores. Outros milhares assassinados. Cada um que passou por algo parecido, teve alguém próximo que passou ou escutou de alguém numa conversa da vida, levanta o braço aí. Esse é o nosso carnaval, nossa micareta, nossa dose diária de adrenalina reversa. 
Sabe o que é adrenalina reversa? É essa droga presente no ar que respiramos na Terra Brasilis. É ela que nos deixa pacatos e felizes, balançando o esqueleto e rindo de tudo. "Bota a mão no joelho dá uma abaixadinha ... balançando a bundinha." 
Enquanto isso o adolescente está lutando. Ele não teve escolha e mesmo assim pode ser tarde para ele e para os familiares dele. Da mesma forma que foi tarde para as pessoas da boate Kiss. Tarde para todos os mortos nas estradas e os assassinados. 
Não me dê razão, dê a si mesmo tempo para refletir. Reflita se é válido fugir e fingir. Seguir no caminho da indiferença e na filosofia do: enquanto não for comigo está tudo lindo e maravilhoso.
Entorpecente é qualquer coisa que te entorpece. Essa é a pedra fundamental do que me leva a crer na adrenalina reversa. Já estudou algo sobre viciados? Alcoólatras ou, ... qual é mesmo o nome do momento? Bem, seja lá qual for o vício ou dependência, em comum há a condição primordial para parar. O reconhecimento. Não conseguir reconhecer o quanto se está dependente da adrenalina reversa vai fazer com que nunca se obtenha a liberdade da mesma.
Dia 16 de fevereiro de 2013, ontem em comparação ao dia que este texto está sendo escrito. Ao que sei este jovem não foi até a violência, mas a violência foi até ele. 



Por que o ônibus de uma torcida rival, aliás aqui a palavra inimiga é a adequada, passa precisamente em frente a torcida do outro time? Eu sei a resposta. Daí a admitirem é outra coisa. Daí a transformarem em só mais uma opinião e o mais normal. Colocarem como algo ridículo é um pulo. Para transformarem em ridículo é com a mesma eficiência e energia que a utilizada para transformar a vida em morte. 

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Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.