segunda-feira, 29 de abril de 2024

Desconhecido desde o nascimento.

 Sou um escritor!

Ainda que desconhecido.

Sou.

Sou das letras. 

Ainda que também de tantas.

Sou das palavras. 

De tantas.

Até das mudas.


Sou um artista. 

Ainda que sem plateia.

Sou mesmo sem aplausos. 

Ainda faltando palco, fama e tela. 

Palavras vêm. 

Fácil.

E eu as deixo escapar.


Essas palavras que suplicam por mim.

Pedem que eu as prenda.

Elas se dizem minhas e querem ser assim para sempre.

Elas que voam em meus pensamentos e pedem pela eternidade. 

Ainda que desconhecidas. 

Ainda que de um desconhecido.


Sou um escritor. 

Perdido num mar de palavras.

Náufrago em um mar de ideias. 

Confuso. 

Atordoado.

Que enxergo em pensamentos palavras chorosas pois não dei atenção à elas quando à mim vieram.

Vieram enfeitadas. 

Cada uma com sua melhor roupa. 

Vieram cruas. 

Vieram nuas. 

Vieram sempre. 

Elas vêm. 

Cada uma de um jeito.


Sou escritor.

E poderia ser mais.

Mais produtivo.

Mais atrevido.

Mais fértil. 

Mas tenho sido árido. 

Faz um tempo que tenho sido estéril. 

Não deixei uma palavra sequer brotar. 

Entorpecido.

A arte sem espaço.

A das letras. 

Não quis contar emoções. 

Não quis, não fui capaz.

Mesmo assim, todas as vezes as palavras não desistiram de mim. 

Em pensamentos elas me acalentavam. Formavam rimas. 

Desconhecido de mim mesmo e tão bem recebido pelas letras. 

Musicais. 

Solitárias. 

Declamadas. 

Lidas.

Familiares. 


Em todos os momentos.

Apesar de desconhecido elas me conhecem bem. 

Eu as amo e elas à mim.

Em um universo de múltiplas dimensões. 

E cada dimensão infinita. 

Somos parceiros. 

E eu sou escritor. 

Ainda que desconhecido. 

Eu as faço. 

Elas me fazem.

Eu posso.

Elas podem ainda mais.

Eu não sou conhecido. 

Elas são!

Eu sou escritor. 

Elas não!


Francisco Braz Neto (29/04/2024)




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Eu sou o fotógrafo!

Eu sou o fotógrafo!
Essa foto me enche de orgulho. Eu acho que ficou perfeita.